Bitcoin: moeda virtual cresce e incomoda agentes do sistema financeiro
LIBERDADE NAS TRANSAÇÕES
Os bancos não gostam nem um pouco devido à concorrência; já os governos detestam porque não há como cobrar impostos. Mas o fato é que há mais de dois anos, uma moeda virtual livre do controle de instituições financeiras está circulando cada vez mais pelo mundo através da rede.
O Bitcoin, lançado em 2009, apoia-se no conceito de p2p (peer-to-peer) — expressão em inglês que significa “de pessoa para pessoa”. Em vez de um banco centralizar as transações monetárias, elas são feitas diretamente entre as partes envolvidas nas negociações, sem intermediários.
Nos EUA, já é possível adquirir produtos eletrônicos, livros, roupas, acessórios e até pedir um crepe vegetariano usando a moeda virtual. Algumas empresas, especialmente do ramo de informática, pagam alguns serviços de freelancers com Bitcoins.
Para as transações, é necessário instalar o programa Bitcoin, uma espécie de carteira digital, disponível no endereço bitcoin.org.
Quem gera os Bitcoins são os próprios usuários, por meio de um método matemático chamado de “mineração”. Só processadores muito potentes são capazes de produzir a moeda.
Para o usuário comum, o modo mais rápido de obter Bitcoins é comprá-los com moedas convencionais.
Nas últimas semanas, veio a previsível reação da galera ligada ao esquemão político-financeiro: o Bitcoin ficou em evidência tanto por teorias que o detratavam como por seu crescimento — que se deu, em parte, por causa dessas teorias.
No começo de junho, os senadores norte-americanos Charles Schumer e Joe Manchin enviaram uma carta à Drug Enforcement Administration — agência do governo dos EUA especializada em reprimir o narcotráfico — denunciando o suposto uso de Bitcoins em transações de um site de venda de drogas ilícitas.
À imprensa estadunidense, Chuck Schumer esperneou com declarações severas contra o Bitcoin, ressaltando o “perigo” do anonimato oferecido pela moeda.
Aparentemente, o efeito do discurso foi inverso à sua intenção. A cotação da moeda triplicou após as declarações.
O grupo hacker LulzSec deixou claro várias vezes pelo Twitter que estava recebendo doações em Bitcoins. Outra organização secreta do mundo virtual, o WikiLeaks, também colhe Bitcoins de seus admiradores.
Como qualquer moeda, o Bitcoin se tornou alvo de ladrões. Em junho, um malware começou a invadir computadores para saquear carteiras digitais da moeda.
No Brasil, o Bitcoin ainda tem pouca força. Um de seus principais divulgadores no país é o arquiteto de soluções Leandro César, 36 anos, que mantém o site Bitcoin Brasil (www.bitcoin.com.br), com dados sobre a moeda.
De acordo com César, não existe nenhum problema legal no uso do Bitcoin, porque ele “ainda não é reconhecido como moeda no Brasil”.
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