Crise neoliberal provoca mudanças no sistema financeiro
FIM DOS BANCOS CENTRAIS INDEPENDENTES
Os países desenvolvidos são velhos defensores do “faça o que digo, não faça o que eu faço”.
Um artigo de fé da ortodoxia neoliberal, eixo do Consenso de Washington, era o lugar que ocupava o conceito de Banco Central em meio a um sistema financeiro e econômico desregulado.
Neste marco, a independência ou autonomia do banco central era sagrada, como uma vaca indiana.
A política monetária de um país, rezava a cartilha conservadora, devia estar nas mãos de técnicos especializados e livres da influência dos governos de turno, sempre sujeitos à demagogia e à lógica do curto prazo.
E o eixo central – muitas vezes exclusivo – da Carta Orgânica do Banco Central era o combate à inflação.
A crise econômica que estourou em 2007-2008 virou as coisas de pernas para o ar.
Com uma dívida descomunal nos EUA, Japão e países da União Europeia, com injeções de dinheiro eletrônico para sanear o sistema financeiro, os Bancos Centrais do mundo desenvolvido estão adotando um intervencionismo adaptado às necessidades dos governos.
Esta mudança se reflete nos meios onde se discute cada vez mais abertamente a necessidade de esquecer o velho parâmetro e substituí-lo por um diferente adaptado à nova realidade.
Em artigo sugestivamente intitulado “A era dos bancos centrais independentes está chegando ao fim”, o Financial Times – porta-voz dos podres de ricos – diz que “não se pode seguir falando de independência dos bancos porque eles criam ganhadores e perdedores”. Quem diria.
Os países em desenvolvimento deram o sinal de ruptura no consenso que predominava antes do estouro financeiro de 2008.
Os bancos centrais e reguladores financeiros dos chamados “emergentes” assinaram em 2011 no México a declaração de Maya para a inclusão financeira dos setores excluídos da sociedade.
O Brasil se encontrava entre os países que anunciaram iniciativas concretas para expandir o acesso ao crédito a amplas parcelas da população.
A mudança de paradigma dos Bancos Centrais na América Latina foi chamada de populista e demagógica por políticos, funcionários e colunistas da velha mídia do primeiro mundo – e repetida por seus papagaios tupiniquins, como Carlos Alberto Sardenberg e Miriam Leitão, entre outros.
Curiosamente, hoje, quando no mundo desenvolvido se sugere ou se pratica abertamente uma mudança de modelo, ninguém se lembra mais do epíteto.
Completo na Carta Maior