Diga-me com quem comes que te direi o quanto irás engordar
MORDIDAS SINCRONIZADAS
Todo mundo já sabia que um dos motivos para as mulheres engordarem depois do casamento é que, com o convívio diário, passam a ingerir a mesma quantidade de comida que os maridos. Elas desconsideram que o homem tem a necessidade biológica de ingerir mais alimentos e que seu metabolismo provoca a queima de calorias muito mais rapidamente que a mulher.
Agora, uma nova pesquisa comportamental aponta para uma direção parecida: pessoas que fazem as refeições acompanhadas acabam sincronizando as garfadas e mastigam o alimento no mesmo ritmo.
Estudo da Universidade de Radboud, na Holanda, conseguiu explicar um fenômeno já observado por cientistas de que pessoas à mesa comem mais quando seus companheiros fazem o mesmo — a influência também é percebida quando um ingere menos comida. Mas, na prática, sejamos francos e autocríticos, isto só acontece com a minoria.
No estudo publicado no periódico científico PLoS One, pesquisadores observaram o comportamento de 140 mulheres jovens que comeram em pares e tiveram suas garfadas gravadas.
Bingo! Com as gravações foi possível analisar que as pessoas tendem a imitar o ritmo do companheiro de refeição.
“Este é o primeiro trabalho a mostrar que pessoas copiam a ingestão de alimentos. Ele traz insights sobre até que ponto mulheres ajustam o ato de se alimentar às pessoas entorno dela”, afirmou Roel Hermans, da Universidade Radboud.
Os resultados do trabalho, que analisou cerca de 4 mil mordidas, mostraram uma maior sincronia entre as mulheres ao se alimentar no início do processo.
As mulheres que participaram do trabalho não conheciam uma a outra. É possível que a tendência das mulheres jovens a se aproximar da pessoa com quem estão comendo seja maior no início, pois, neste momento, elas estão especialmente motivadas em passar uma impressão positiva.
“Esta situação poderia então aumentar o sincronismo. Pelo mesmo motivo, esta sincronia diminuiria ao longo da interação entre elas”, explicou Hermans.
Os pesquisadores holandeses ainda não confirmaram se o sincronismo acontece sempre entre membros da família, amigos e conhecidos ou apenas em situações como as do teste — embora a própria obesidade já tenha sido considerada socialmente contagiosa, segundo um estudo da Universidade do Estado do Arizona, nos EUA.
“A questão de quanto isto acontece continua. Em geral, no início de uma interação, pessoas estão mais motivadas em passar uma boa impressão para um desconhecido do que para alguém que conheçam bem. Se o comportamento de entrar em sincronia é uma forma de tentar cair nas graças do outro, deveríamos ter menos sincronia entre pessoas que se conhecem do que entre desconhecidos.”
O próximo passo do trabalho será tentar generalizar os resultados fazendo análises semelhantes com homens, crianças e idosos.
Via Último Segundo