Estudo comprova que ricos são mais desonestos que pobres

A (FALTA DE) ÉTICA DAS ‘CLASSES ALTAS’

Ladrões da classe alta

Dê o nome que quiser: ladrões, pilantras, safados, desonestos, golpistas, trambiqueiros ou corruptos. Não, não estou me referindo a políticos e nem a pobres tentando subir na vida a qualquer preço.

Estes adjetivos, e muitos outros, podem ser dirigidos a boa parte das pessoas mais endinheiradas, aquelas a quem chamamos “gente de bem”.

Por mais surpreendente que ainda possa parecer para alguns, as pessoas de classe social alta, com mais recursos econômicos e educação, tendem a comportamentos “menos éticos” do que as com menos recursos, revelou o pesquisador Rodolfo Mendoza-Denton, do Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia (Berkeley).

“Realizamos sete estudos experimentais que nos levaram a conclusões surpreendentes, porque normalmente se pensa que as pessoas com menos recursos têm mais motivação para se comportar de maneira imoral, antiética e violar a lei”, acrescentou.

A equipe efetuou dois testes em situações normais para avaliar as probabilidades de que motoristas fechassem o cruzamento de outros veículos em uma intersecção muito transitada de duas ruas, bem como de pedestres em uma esquina da mesma área de San Francisco.

O fator de referência foi a marca do veículo, a idade e aparência do motorista para apontar sua classe social.

Os autores descobriram que uma porcentagem mais alta dos motoristas de veículos caros – “um Porsche ou uma Ferrari”, por exemplo, se antecipava ao cruzamento de outros veículos ou dos pedestres, comparado com os motoristas de veículos de menos luxo.

Outros cinco experimentos realizados em laboratório com estudantes de licenciatura da universidade e pela internet com uma amostra de alcance nacional de adultos revelaram que os participantes que se consideravam de “classe alta” tinham mais tendência a tomar decisões antiéticas do que os de “classe baixa”.

Entre esses comportamentos está furtar objetos valiosos de outras pessoas, mentir em uma negociação ou para aumentar as possibilidades de ganhar um prêmio e dar aval a uma conduta incorreta no trabalho.

“As conclusões se aplicam independentemente da idade, do gênero, do grupo étnico, do credo religioso e da orientação política dos participantes”, indicou o estudo.

“O importante não é apenas a conclusão de que as pessoas que estão mais acima tendem a se comportar menos eticamente, mas avaliar por que o fazem”, declarou Mendoza-Denton.

“Descobrimos que as pessoas de classe baixa ou que se percebem como tal estão mais expostas a perigos, têm menos recursos e um trabalho que não é estável, o que torna suas vidas menos previsíveis”, disse o pesquisador.

“Os cidadãos desse nível social trabalham mais para garantir que as relações humanas serão fortes e duradouras”, acrescentou.

Por outro lado, os membros da classe alta, “como têm mais recursos, se sentem mais seguros, têm o luxo de ser mais independentes, tendem a focar os pensamentos e as emoções em si mesmos e pensam menos nas consequências que seu comportamento tem para outros”, concluiu.

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