Eterno drama dos produtores de leite com o câmbio
A produção de leite em Minas Gerais costuma andar de mãos dadas com a fabricação da cachaça. Por um motivo muito simples: a cana-de-açúcar é um dos principais componentes da forragem que alimenta o gado. Ela é utilizada especialmente no inverno quando a pastagem seca devido à forte estiagem característica da época. É quando a cana atinge o ponto de corte.
Daí, uma coisa acaba levando à outra. Como têm que investir pesado no preparo desse tipo de lavoura, muitos pecuaristas leiteiros passam a se dedicar também à fabricação da cachaça de alambique, ampliando sua cadeia produtiva para cobrir os custos.
Mas hoje, 1 de setembro, o Luis Nassif começou a discutir em seu blog como o câmbio afeta a produção de leite no País. Também apresenta a opinião de um médico-veterinário sobre o consumo do chamado “leite longa vida”. Um resumo:
Por José Ronaldo Borges:
“Atualmente o setor primário de produção leiteira vem sendo fortemente afetado pela valorização do câmbio. O preço internacional de leite em pó corresponde hoje a um preço de 23 centavos de dolar para a fabricação de um litro de leite. O custo de produção no Brasil está em torno de 30 centavos de dolar.
Nestes valores sai muito mais barato para as grandes processadoras importar o leite do que comprar no mercado interno, prejudicando centenas de milhares de produtores.
Em 2008, com o câmbio mais favorárel, exportamos US$ 500 milhões em produtos lácteos e em 2009 seremos deficitários na balança externa. Para o Brasil ser novamente competitivo no mercado internacional o câmbio teria que ser entre 2,30 a 2,40 reais por dolar.
Caso não se altere a política cambial corremos o risco de nos tornarmos novamente o maior importador de lácteos do mundo, a exemplo do que ocorreu na década de 90, quando o câmbio foi fortemente apreciado”.
Por Raul:
“Sou médico-veterinário e produtor de leite no interior de São Paulo.
Acho que você poderia enriquecer muito este debate se incluir mais uma variante e que a meu ver foi e será a mais importante. O que é e quem é o leite consumido pela população hoje?
É o leite longa vida, com prazos de validades de até 6 meses, possibilitando estas grandes compras de leite importado em pó.
A qualidade deste leite além de ser duvidosa, perde em muito para o leite tradicional pasteurizado, pois este é esterilizado, matando todas as bactérias, inclusive os lactobacilos indispensáveis para as crianças e as pessoas idosas se manterem saudáveis.
Na minha opinião, esta mistura em que se torna não deveria nem ter o nome de leite. O longa vida, ao contrário do que anuncia, na verdade é estéril, sem vida.
Proponho uma campanha educativa, inclusive para os médicos pediatras e geriatras, e um debate nacional, sendo é claro que vamos bater de frente de interesses milionários, como a indústria de embalagem Tetra Pack (Klabin) e os supermercados.
Resumindo, aumentaríamos o consumo de leite pasteurizado, aumentando a margem de manobra do produtor (valorizando o nacional), pois este leite é perecível e precisa ser consumido em um prazo muito curto”.
Discussão completa no Luis Nassif
Concordo com a afirmação do veterinário sobre o leite “longa vida”, em várias famílias esse tipo de leite é consumido por pura preguiça e desinformação, porém, com o crescimento das cidades as pessoas gastam tanto tempo se locomovendo para o emprego que pouco tempo sobra para irem à padaria da esquina conseguir seu leite diariamente. Sou à favor de medidas que promovam o uso do leite pasteurizado, porém acredito que há pessoas que deixariam de tomar leite se não existissem as embalagens Tetra Pack.
Sem falar que esse tetrapáqui tem chumbo na composição do revestimento de dentro, quem num sabe? E o gosto de formol de algumas marcas? Eu só uso leite fresco de saquinho que pego na padaria.