Falta pouco para o Google começar a ler seus pensamentos
OS SIMPSONS TUPINIQUINS
O sonho platinado de William Bonner, à frente do Jornal Nacional, é transformar os telespectadores brasileiros em replicantes do Homer Simpson, síntese do cidadão médio norte-americano.
Assim fica mais fácil manipular pessoas preguiçosas e de raciocínio lento, incutindo em doses diárias nas suas mentes as teses conservadoras daqueles que lhe garantem o salário pornográfico.
Se com a Globo local acontece descaradamente assim, imagina só os esquemas tramados por empresas de amplitude planetária com o porte de um Google, por exemplo.
Exagero? Então acompanhe a seguinte suposição, coisa bem trivial: chega a hora do almoço e você está fora de casa, precisando de um restaurante.
Para não andar à toa, saca seu smartphone para fazer uma busca de estabelecimentos próximos e, para a sua surpresa, o Google já trouxe todos os resultados antes mesmo que você pensasse em acessá-lo.
E aí, o que você acha disso: feitiçaria, dominação mundial ou simplesmente tecnologia?
Pode parecer algo bem absurdo, mas o maior buscador do planeta está realmente trabalhando em um método de apresentar respostas para perguntas ainda não feitas.
Porém como isso está sendo feito?
O desenvolvimento dessa tecnologia ainda está em sua etapa inicial, tanto que a empresa reuniu um grupo de voluntários para testar algumas dessas ferramentas.
A meta é pesquisar comportamentos e possíveis formas de antecipá-los com a ajuda da tecnologia para facilitar a vida do usuário.
Ao mesmo tempo em que a ideia parece ser incrivelmente assustadora, ela também se mostra extremamente útil — na visão dos caras por trás do projeto.
De acordo com o chefe da equipe responsável por esses estudos, Jon Wiley, a proposta é identificar as “necessidades escondidas” de cada pessoa a partir daquilo que ela faz tanto no ambiente online quanto fora dele.
E assim, otimizar não somente o resultado das buscas, mas também o momento em que isso vai ser apresentado e sem que o indivíduo tenha de perder tempo digitando.
MONITORAMENTO TOTAL
É claro que tal conveniência não viria sem um preço. Para que essas tais necessidades sejam identificadas e mapeadas, é preciso que a Google colete muitas informações sobre você — e aí é que está o principal problema da novidade.
Segundo Wiley, não é preciso muita coisa para traçar esse pequeno perfil, já que basta um único dispositivo móvel para mapear algumas tendências.
No caso de um smartphone, o próprio GPS e os demais sensores pré-instalados servem para a coleta de dados.
No exemplo citado, o serviço de geolocalização não vai apenas mostrar o bairro onde você está, mas catalogar todos os restaurantes que você visitou nos últimos meses para saber que tipo de comida você gosta
Ele, então, fará sugestões relevantes para você. O problema é que, para isso, você precisa ser constantemente monitorado — o que é assustador.
Conforme a empresa explica, a base desse novo sistema é cruzar as informações pessoais coletadas a partir de alguns serviços — seja em sites do próprio Google ou naqueles que se aproveitam de algum tipo de ligação com eles — com conteúdo hiperlocal.
Esses dados são comparados com o contexto regional em busca de tendências, ou seja, aquilo que outras pessoas com um perfil semelhante ao seu podem estar procurando.
Com isso, o Google pretende fazer com que esse novo sistema ajude as pessoas a encontrarem aquilo que nem elas pensaram em pesquisar.
Para eles isso pode ser muito promissor e interessante, principalmente para resolver pequenas questões do cotidiano que achamos que não valem o esforço de correr para o computador ou sacar o celular.
Por outro lado, também abre margem para uma quantidade absurda de publicidade seja enviada diretamente para o usuário, indiscriminadamente.
O QUE ESPERAR?
Além das buscas contextuais que aparecerão em nossos aparelhos antes mesmos de solicitarmos tal ação, as pesquisas desenvolvidas podem ajudar outros produtos da empresa.
Um deles é o Google Glass, os óculos futuristas apresentados pela companhia neste ano.
O equipamento se aproveitará exatamente dessa praticidade para criar uma experiência autônoma em que o indivíduo não precisa mais das mãos para realizar suas pesquisas e encontrar o que deseja.
Pode parecer algo bem absurdo, mas é algo que, aos poucos, vem tomando forma.
Por mais que os estudos e testes ainda estejam engatinhando, os primeiros passos realmente práticos já começaram a ser dados, principalmente com o Google Now.
O serviço de informações traz vários conteúdos úteis ao usuário — como previsão do tempo no local, horários de voos próximos e situação do trânsito na região — sem que ele precise pedir por isso.
Enfim, eles podem alegar o que quiserem para disfarçar o objetivo a ser alcançado mais lá na frente. Que será o controle total das mentes humanas.
Ou será que ainda existe gente inocente que acredita em Papai Noel… ou no Jornal Nacional?
Com informações do TecMundo