A VAQUINHA

Do blog Bananapost (em 01/12/2010)

A família almoça tranquilamente quando, de repente, a filha de 10 anos comenta:

– Tenho uma má notícia… Já não sou mais virgem! Sou uma vaca!

E começa a chorar, convulsivamente, com as mãos no rosto e um ar de vergonha.

Silêncio sepulcral na mesa, nem um pio, segundos que parecem uma eternidade.

De repente, explodem as acusações mútuas e o bate-boca:

– A culpa é sua, por você ser desse jeito! – berra o marido à mulher – Por se vestir como uma vagaba e se arreganhar pro primeiro imbecil que vem aqui em casa. Claro que isso tinha que acontecer, com este exemplo que a menina vê todos os dias!

Cada vez mais nervoso, o pai aponta para a outra filha de 25 anos:

– E você, que fica no sofá lambendo aquele idiota do teu namorado com pinta de zé ruela. Tudo na frente da menina!

A mãe não aguenta mais e retribui, aos gritos:

– E quem é o idiota que gasta metade do salário com um monte de piranhas e se despede delas na porta de casa? Você pensa que eu e as meninas somos cegas?

Cada vez mais histérica, eleva o tom da baixaria:

– E, além disso, que exemplo você pode dar se, desde que assina esta merda de TV a cabo, passa todos os malditos finais de semana babando com filmes de sacanagem de quinta categoria e depois termina o serviço no banheiro, com grunhidos e gemeção?

Desconsolada e à beira de um colapso, a mãe, com os olhos cheios de lágrimas e a voz trêmula, pega ternamente na mão da filhinha e pergunta baixinho:

– Mas como foi que isto pôde acontecer, minha filha?

E, entre soluços, a menina responde:

– A professora me tirou do presépio! A virgem agora é a Luisa… eu vou fazer a vaquinha.

* Imagem da emo-vaca tomada emprestada daqui

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