Hackers: se o poder dos homens condena, o poder divino absolve
A MISSÃO DIVINA DOS HACKERS
Os governos brasileiro e de outros países vêm manifestando ultimamente “grande preocupação” com a ameaça de cibertaques promovidos pelos chamados hackers. Usando uma comparação referenciada na Bíblia — no Evangelho segundo Mateus, na parábola sobre as pessoas boas e as más –, nessa questão há que se separar o joio do trigo. O risco é se confundir os termos tão em evidência.
Há dois meses, o padre jesuíta Antonio Spadaro publicou um texto na revista La Civiltà Cattolica elogiando os hackers, as wikis e os softwares de código aberto. Na publicação, o clérigo diz que as pessoas que trabalham em codificações, aperfeiçoamento de hardware e compartilhamento de conhecimento estão em uma missão divina.
Spadaro explica que não podemos confundir hackers com crackers. “Hackers constroem coisas, crackers quebram-nas”, comentou o autor ao relacionar a cultura e ética hacker com os ensinamentos do cristianismo.
Para o jesuíta, a filosofia hacker é descontraída, porém comprometida, estimula a criatividade e se opõe aos modelos de controle, concorrência e propriedade privada. “A mentalidade hacker implica utilização divertida da inteligência para solucionar problemas, rejeitando o conceito de trabalho repetitivo, pesado e estúpido”, escreveu Antonio Spadaro.
O modelo de compartilhamento de conhecimento impulsionado pela Wikipédia foi outro tema muito abordado pelo clérigo. Segundo ele, esse é um exemplo de rede intelectual que foi capaz de transformar a própria ideia de produção cultural.
“Para criar a maior enciclopédia colaborativa da internet, estima-se que foram gastas cerca de 100 milhões de horas de trabalho intelectual, que é o equivalente ao tempo que os cidadãos dos EUA passam vendo publicidade na TV em um único fim de semana”, comentou o padre jesuíta.
A PALAVRA-CHAVE
Hackers. Basta ouvir esse nome para que muitos usuários os associem a bandidos ou pessoas de má índole. Basta acessar um site ou verificar um perfil cujo termo esteja presente para que muitos deem meia-volta com medo de pegar algum vírus ou terem seus dados roubados.
Entretanto, diferente do que se convencionou pensar, os hackers nem sempre são, necessariamente, os vilões da história. Muito pelo contrário, a indústria precisa do trabalho deles e nós só temos a ganhar com isso.
Afinal, é graças às suas descobertas que, muitas vezes, falhas de segurança são corrigidas nos mais diversos tipos de software.
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