Indústria cultural sabe e esconde que pirataria não prejudica seus negócios
TIRO NA MOSCA
A ‘pirataria’ é o seu primeiro contato com o trabalho do artista: se essa ideia for boa, você gostará de tê-la; uma ideia consistente dispensa proteção — Paulo Coelho
Por mais que muitos torçam o nariz para ele, não há como negar: Paulo Coelho é mesmo um visionário. Ao defender a proposta de liberar geral a pirataria de seus próprios livros e músicas, o mago enxergava quilômetros à frente da indústria cultural defensora dos direitos de propriedade intelectual ou, simplesmente, copyright.
Enquanto Paulo Coelho disparava certeiramente no cerne da questão, o tiro do segmento econômico caolho acertava seu próprio pé, a se considerar dados guardados a sete chaves que, graças a um indiscreto informante, acabam de ser vazados para o conhecimento público.
Pois um estudo realizado pela Society for Consumer Research (GfK), usando como base os usuários do extinto site Kino.to, comprova que os consumidores de pirataria não são exatamente os criminosos descritos por grandes empresas.
A pesquisa confirma que a maioria dessas pessoas usa arquivos ilegais como uma espécie de “amostra”, adquirindo o produto original caso considere sua qualidade aceitável.
O estudo também mostra que usuários frequentes de sites que contém pirataria costumam comprar mais DVDs e frequentam mais salas de cinema do que aqueles que não recorrem a meios considerados ilegais.
O trabalho destaca ainda que pessoas desse tipo são mais adeptas a comprar ingressos durante o fim de semana, período em que normalmente os preços são mais elevados.
LEI DO SILÊNCIO
“Nós não esperávamos por isso”, afirmou um dos funcionários da GfK que prefere permanecer no anonimato. Segundo os investigadores, a Federação Nacional de Cinema Alemão (HDF) se posicionou contra a pesquisa desde o início.
A pressão deste e de outros grupos foi tanta que os resultados foram suprimidos pelas companhias que encomendaram o estudo, que está trancafiado em um local apelidado de “armário venenoso”.
Uma fonte ligada ao GfK afirma que o estudo completo pode “nunca ver a luz do dia”, já que a companhia tem como política não revelar detalhes sobre as pesquisas que faz para seus clientes.
O funcionário afirma que a conclusão geral do trabalho é a de que pessoas que baixam filmes têm um interesse mais aguçado por cinema, o que resulta no consumo de uma quantidade maior de produtos legalizados.
Via TecMundo
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