Invasão dos espermatozoides robóticos para salvar vidas humanas
MAQUININHAS PASSEIAM EM NOSSO CORPO
Quem não sente calafrios ao assistir, em filmes de ficção, micro-robôs alienígenas entrando pelos narizes das vítimas ou sendo injetados no cérebro de suas cobaias humanas por cientistas malucos?
Bem, essas reações ocorrem porque vemos acontecer no cinema. O fato é que nos esquecemos que, todos os dias, bilhões de bactérias invisíveis, mas com aparência sinistra, invadem nossas defesas.
A partir de agora o melhor é se acostumar à ideia de que artefatos robóticos em escala micro ou nano passarão, definitivamente, a entrar no corpo humano para fazer alguma coisa – útil, de preferência.
Então, para começar esta jornada biológica, saiba que acaba de ser criado um minúsculo biorrobô com a capacidade de nadar impulsionado por uma espécie de cauda alimentada por células cardíacas.
ESPERMATOZOIDE ROBÓTICO
Movendo-se de forma muito parecida com um espermatozoide, essa nova máquina bio-híbrida está aparelhada para navegar em ambientes de elevada viscosidade, como o sangue e fluidos corporais.
“Os microrganismos têm seu próprio mundo, que nós podemos vislumbrar apenas pelo microscópio. Esta é a primeira vez que um sistema artificial explora esse submundo,” disse Taher Saif, da Universidade de Illinois, nos EUA.
A inspiração para o biorrobô veio mesmo dos espermatozoides, que se movem agitando suas longas caudas – ou como muitos microrganismos unicelulares, que se movem agitando seus flagelos.
MOVIDO A CÉLULA CARDÍACA
O corpo do espermatozoide robótico é feito de um plástico flexível em duas espessuras diferentes, uma para a cabeça e outra para o rabicho.
Na junção dessas duas seções foram cultivadas células cardíacas, que logo se ajustaram e começaram a bater em perfeita sincronia.
Quando as células pulsam, elas enviam uma onda pela cauda do biorrobô, fazendo-o mover-se para a frente.
O grupo de estudiosos também construiu um “robô espermatozoide mutante”, com duas caudas, que nada ainda melhor do que a versão de cauda única.
SONHAR É ESSENCIAL
Como as células se entendem para sincronizar seus batimentos é algo que os pesquisadores ainda não compreendem muito bem – segundo eles, trata-se de um “fenômeno emergente”.
“É uma engenharia mínima – apenas uma cabeça e um fio,” disse Saif. “Então, as células entram, interagem com a estrutura e a tornam funcional”.
“A visão de longo prazo é simples,” continua Saif. “Será que podemos fazer estruturas elementares e semeá-las com células-tronco que vão se diferenciar em estruturas inteligentes para entregar medicamentos, realizar cirurgias minimamente invasivas ou atacar o câncer?”
* Ilustrações steampunk obtidas na galeria de Pete The Builder’s Studio, no Flickr.