Lições de um pirata de verdade aos jovens empreendedores
CAPITÃO SAM BELLAMY, DO NAVIO WHYDAH
Uma interessante exposição sobre um navio pirata chamado Whydah e o seu capitão Sam Bellamy está sendo promovida, em Washington, pelo National Geographic Museum.
É uma história real, romântica, em que um jovem decide ser pirata para ganhar dinheiro e poder se casar com a jovem cujo pai negou-se a entregar a mão a um marinheiro pobre.
A parte mais curiosa da mostra é conhecer como se fazia a formação de uma equipe de um navio pirata.
Como contratavam os marujos que teriam como parte do seu “job description” correr riscos elevados e eventualmente matar inimigos para depois saqueá-los?
Como conseguir que raros pilotos hábeis fizessem parte da equipe para atravessar águas perigosas?
Quem é que se fazia o inventário dos frutos dos saques e sua correta distribuição durante a partilha?
E, principalmente, porque alguém se tornaria um fora-da-lei, juntando-se a uma equipe barra pesada de um navio pirata?
TRATAMENTO DEMOCRÁTICO
A curiosa história mostra que a principal razão para que os marujos provenientes das frotas militares e comerciais se tornassem piratas eram melhores condições de trabalho.
Isto significava remuneração mais elevada, autonomia para realizar suas tarefas e um tratamento democrático e igualitário oferecido pelo capitão do Whydah.
Pois é, em 1700, a vida no navios da marinha comercial da época era muito dura, com forte disciplina, autoritarismo, castigo físico e uma remuneração muito baixa para o trabalho pesado.
E sempre havia falta de pessoal por estes motivos, causando a sobrecarga da equipe. Claro que discriminações também faziam parte do contexto numa época em que a escravidão era uma prática normal pelo mundo.
Neste quesito também os navios piratas ofereciam um tratamento inovador. Todos os homens eram livres e tinham os mesmos direitos, independente de origem ou raça.
Assim, o único ambiente em que a diversidade era uma prática na época, era o trabalho em um navio pirata. No caso do Whydah, este compromisso vinha numa declaração e promessa escrita pelo capitão a todos que se juntassem à equipe.
NOVO EMPREENDEDORISMO
Vale dizer que navios como o de Sam Bellamy representavam na época o empreendedorismo independente, correndo riscos e bancando as suas decisões.
Eram, portanto, muito diferentes dos “privateers”, que eram piratas “oficiais”, autorizados pelos países a atacarem os navios comerciais de países inimigos.
Seriam, a título de comparação, exércitos mercenários ou mais recentemente empresas de “segurança” como as que atuam no Iraque e outros territórios a soldo dos EUA?
Enfim, como foras-da-lei, os piratas se tornavam “Citizen of No Nation”, parecidos com alguns “Expat” corporativos dos dias de hoje, cujo comprometimento declarado ou dissimulado com o “país da vez” é temporário e passageiro, na hipótese mais elegante.
A MARCA DO RENASCIMENTO
Mas como todo empreendimento importante, Whydah tinha a sua identidade corporativa e o seu “Brand Identity”. Sam Bellamy ostentava a caveira com ossos cruzados sobre a bandeira negra, marca que significava ressureição e renascimento.
Muitas vezes, as vítimas identificavam e reconheciam o símbolo de longe para entregar a carga sem resistência, pois a reputação já era conhecida. Hoje a marca de Sam Bellamy caiu em domínio público e é usada como signo de perigo e morte, mesmo que virtual.
Por que a história do Sam Bellamy e seu Whydah produz tamanho fascínio? Porque já oferecia e praticava um tratamento para seus funcionários que, ainda hoje, muitas empresas e gestores não entenderam.
Vale mencionar também que o famoso capitão do Whydah não era nenhum velho babento como os retratados no cinema, mas um jovem apaixonado de apenas 16 anos quando iniciou sua carreira como pirata.
Está difícil contratar pessoas, atrair e reter talentos? Invoque os ideais de Sam Bellamy sobre como fazer… por que não?
Com Veiculum