Louco, cimentado – Romério Rômulo, poeta mineiro
Do blog A Cachaça da Happy Hour (publicado em 13/01/2010)
o meu cabelo é louco, cimentado
por cabedais em tudo transparentes.
carrego umas vogais de acessório
pra desditar poemas de indulgência.
o beijo, amigo, é a véspera da fome
que nos percorre: josés, joões, sem nome
sem consoantes uns, consonantados
outros. bêbados, invertebrados
da sanha do mundo. ruidosos calos
nas mãos de enxadas e assobios
suas visões são uns caudais de rios
que regam o mundo todo de abalos.
numa aparência louçã, insandecida
vou rebelar a noite de vestais
nuns sobremodos de maus modos tais
que até a morte vai se ver na vida.
do livro Per Augusto & Machina
(Editora Altana, São Paulo, 2009)
* * *
Uia … esse Romerio é de deixar a gente sem fôlego …
Dá bola prêsse AF não Nívia, que ele não pegou o espírito da coisa.
Parece aqueles enochatos que ficam palpitando, impondo regras sobre harmonizações, como se deve tomar o vinho.
Adorei o blog. Vou recomendar.
Issssa! Grande Nívea! Matou a pau! Já pensou se Deus pedisse opiniao a terceiros ou cobrasse direitos autorais por tudo o que criou e disponibilizou para que o Universo se transformasse continuamente? Parece que Ele se dá por satisfeito apenas com o devido crédito… hehehe…
Esse trabalho é todo baseado no grande Augusto dos Anjos. Fantástico mesmo. Só achei que essa foto que você escolheu não teve nada a ver com a intenção do Romério.
Resposta da Nivia: Mas teve tudo a ver com a forma COMO EU SENTI A POESIA, meu caro. A partir do momento que o poeta torna pública a obra, ele abdica da exclusividade original e permite que a criação ganhe novas asas, no sentimento individual daquele com quem a compartilha. Essa é a essência primordial de todo ato criativo. Por isso ele é DIVINO (desde que copyleft!). Deu para entender agora?
Nossa, minha amiga ! O homem, em pessoa te respondeu… Poderosa, hem !
Agora sério, não entendo nadica de técnica poética, mas vou te dizer uma coisa, querida: esse Ro-Rô escreve de uma maneira m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a ! ! !
Ser iluminado que transborda erudição e volúpia de vulcão. Oh, que bela descoberta ! ! !
nívia:
muito obrigado.
romério