Macacos prestes a começar a falar deixam cientistas preocupados
O PLANETA DOS MACACOS É AQUI E AGORA
Do blog BananaPost
Macacos com a capacidade de pensar e falar ou, pior, roubar nossos empregos trabalhando em troca de bananas como salário, são algumas anomalias previstas em avançados experimentos envolvendo transplantes ou mistura de células entre espécies de símios e humanos.
Este cenário de ficção científica, com alguma relação já vista no filme O Planeta dos Macacos, levou a Academia de Ciências Médicas da Grã-Bretanha a pedir ao governo que estipule regras mais estritas para as pesquisas médicas envolvendo animais.
A academia ressalta que não é contrária a experimentos que envolvam, por exemplo, o implante de células e tecidos humanos em animais. Estudos atuais, por exemplo, transplantam células cancerígenas em ratos a fim de testar novas drogas contra o avanço da doença.
A academia defende, no entanto, que com o avanço das técnicas estão surgindo novos temas que precisam ser urgentemente regulados.
AVANÇO
Os avanços científicos atuais já permitem a criação de ratos com lesões similares às causadas por um derrame cerebral, para que sejam depois injetadas células tronco humanas, a fim de corrigir os danos.
Outro estudo com implante de um cromossomo humano no genoma de ratos com síndrome de Down também foi essencial para a compreensão da doença.
Apesar de a maioria dos experimentos ser feita com ratos, os cientistas estão particularmente preocupados com os testes em macacos.
Na Grã-Bretanha são proibidas as investigações com macacos de grande porte como gorilas, chimpanzés e orangotangos. Em outros países, como os Estados Unidos, são liberadas.
“O que tememos é que se comece a introduzir um grande número de células cerebrais humanas no cérebro de primatas e que isso, de repente, faça com os que os primatas adquiram algumas das capacidades que se consideram exclusivamente humanas, como a linguagem”, diz o professor Thomas Baldwin, membro da academia.
“Estas são possibilidades muito exploradas na ficção, mas precisamos começar a pensar nelas”, diz.
ÁREAS “DELICADAS”
O relatório indica três áreas particulamente “delicadas” na pesquisa com animais: a cognitiva, a de reprodução e a criação de características visuais que se percebam como humanas.
“Uma questão fundamental é se o fato de povoar o cérebro de um animal com células humanas pode resultar em um animal com capacidade cognitiva humana, a consciência, por exemplo”, diz o relatório.
O professor Martin Bobrow, principal autor do relatório, sugere o que chama de “prova do grande símio”: se um macaco que recebeu material genético humano começa a adquirir capacidades similares a de um chimpanzé, é hora de frear os experimentos.
Na área de reprodução, recomenda-se que embriões animais produzidos a partir de óvulos ou esperma humano não se desenvolvam além de um período de 14 dias.
O campo mais polêmico é o de animais com características “singularmente humanas”, os experimentos que o relatório chama de “tipo Frankenstein, com animais humanizados”.
Segundo o relatório, “criar características como a linguagem ou a aparência humana nos animais, como forma facial ou a textura da pele, levanta questões éticas muito fortes”.
* * *
Macacos me mordam!