Pais que cedem a muitos desejos criam a maldade nos filhos

A FÁBULA DA MENINA QUE QUERIA UM PEIXE

Garota com peixe no colo

Vivemos numa sociedade consumista, onde os desejos têm grande poder. O aumento generalizado da agressividade e do egocentrismo está disseminado pelo planeta.

A fábula da menina e do peixe permite uma reflexão sobre os motivos pelos quais os desejos podem se tornar grandes geradores de maldades. Leia e pense a respeito.

Joana queria muito um peixe.
Seus pais queriam vê-la feliz.
Compraram o peixe.
Eles queriam realizar o desejo da filha. Ela queria ter um peixe.
Ninguém queria cuidar decentemente do peixe.
Onde existe tanto querer, tanto desejo, alguém vai sofrer.

Joana ficou muito feliz com seu peixinho.
Mas depois de algumas horas esqueceu-se dele.
Ela passou a desejar outro brinquedo.
Os pais olharam para o peixe e tiveram muita vontade de sumir com ele.

O peixinho ficou isolado em um canto.
Desprezado pela Joana, sentiu suas condições de sobrevivência piorarem.
Ele podia ser feliz e bem cuidado.
Estava sozinho, caminhando para a morte precoce.
Joana agora desejava outras coisas.
Os pais não queriam mais trabalho (desejos geram trabalho).
Para cuidar bem do peixe teriam que aprender a tratar, comprar equipamentos e todos os dias ter o trabalho de mantê-lo com conforto.

Um desejo, para não ser a origem da maldade, gera trabalho e esforço por um longo período.
Este esforço direcionado é a oportunidade de aprendizado.
Por exemplo, aprender a cuidar de um peixe com respeito pela sua vida e bem-estar.
É a oportunidade de exercitar o amor, a disciplina e expandir o conhecimento.
Por um longo período o peixinho seria parte da família.
Bem tratado, respeitado e valorizado.
Se o desejo refluir e der espaço para o esforço, o aprendizado e a dedicação, nenhuma semente do mal irá germinar.
Mas, se o desejo continuar mandando na mente da garotinha a maldade irá espalhar.

Portanto, ao invés de ampliar os seus desejos, amplie a sua consciência.
A quietude da mente gera paz e serenidade.
Seja um aproveitador de tudo o que há em si próprio.
Os desejos são positivos apenas quando são poucos.
O oposto do desejo é o usufruto do aqui e agora.
O aproveitar o que é e o que possui.
O desejo é o desperdício. É o desprezo pelo que é real.

O desejo eventual ajuda a ter metas.
Estas metas somente se concretizam ao longo do tempo.
A mente deve se manter no objetivo; aprender e desenvolver habilidades para atingir o objetivo.
Mas, se a mente continua a desejar e a criar outros focos, ela passa a se boicotar.
Um desejo vem, e logo é substituído por outro.
Joana e seus pais substituíram o desejo pelo peixinho por outro objetivo qualquer.
Desprezaram a conquista, neglicenciaram o objetivo.
Maltrataram o peixe.
Joana aprendeu a ser cruel, impulsiva e com pouco usufruto.

Um dia ela cresceu e seus pais se perguntaram onde foi que erraram.
Eles acreditavam que deram tudo do melhor para ela.
Mas, na realidade, elas transformaram sua filha numa máquina de desejos.
Ela se boicotava, por isto estava sempre buscando algo e esquecendo-se de usufruir o que possuía e o que era.
Ao longo dos anos muita maldade aconteceu.
Porque a mente que muito deseja gera maldade, mesmo que não perceba.
O amor gera continuidade, permanência.
A maldade destrói, e abre espaço para mais e mais desejos.

Alguns dias depois o peixinho morreu.
Os pais ficaram aliviados.
A garotinha nem notou.
Estava ocupadíssima com alguma novidade que seu desejo exigiu.
Novidade que logo ficaria velha, esquecida e desprezada.
Esta novidade (pessoa, animal ou objeto) também será desprezada, esquecida, maltratada.
É a maldade que o desejar contínuo espalha.

* Por Regis Mesquita, em Caminho Nobre (clique na imagem para abrir o wallpaper)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *