Por que a Justiça fechou o MegaUpload? Para ajudar as gravadoras
CONTRA UM NOVO MODELO DE NEGÓCIOS
A Justiça agiu rápido para ajudar a indústria fonográfica porque o MegaUpload preparava-se para lançar um portal de compartilhamento de músicas que daria aos artistas 90% das receitas.
Até a operação policial que encarcerou seus responsáveis, o site pretendia acabar com a mamata das gravadoras ao remunerar artistas em contratos exclusivos, invertendo a lógica do modelo de negócios das grandes empresas de entretenimento, que sempre abocanham a parte do leão.
A revelação dos planos de Kim Dotcom e sua equipe confirma a suspeita de que a operação que derrubou o site de compartilhamento teve menos a ver com “pirataria” do que com o temor das gravadoras sobre a chegada de nova concorrência. Também permite entender melhor a violenta campanha de difamação contra os caras na velha mídia.
– O grupo Universal sabe que nós vamos competir diretamente com eles por meio de nossa empreitada musical chamada Megabox.com, um site que vai permitir aos artistas vender suas criações diretamente aos consumidores e ficar com 90% das receitas – disse o criador do MegaUpload, Dotcom, em dezembro do ano passado. – Nós temos uma solução chamada Moviekey que vai pagar os artistas até pelo download gratuito de música. O modelo de negócios do Megakey já foi testado com milhões de usuários e funciona.
Segundo Dotcom, o site seria lançado este ano, teria entre seus sócios a gigante Amazon e seria o grande concorrente da iTunes Store, da Apple.
A preparação para o Moviebox explica a existência do vídeo, publicado no Youtube em dezembro, que continha depoimentos elogiosos de vários artistas sobre o MegaUpload. Entre eles estavam os pop stars Kanye West, Alicia Keys, Will.I.Am e Snoop Dog.
A Universal não gostou da iniciativa e conseguiu retirar o vídeo do Youtube por meio dos filtros de conteúdo do site. Mas o Google o colocou novamente no ar argumentando que a Universal não tinha direitos autorais sobre ele. Segundo o site da revista “Wired”, o MegaUpload investiu US$ 3 milhões na produção do vídeo.
Como essas coisas correm por debaixo dos panos, não há prova sobre o envolvimento da Universal e o favorecimento da Justiça na operação do FBI que levou à prisão de Dotcom e seus sócios na Nova Zelândia e na Europa.
O Moviebox, que já funcionava em versão beta, também está fora do ar por causa do mandado da Justiça americana que determinou o fechamento do MegaUpload e seus sites associados por pirataria e outros crimes.
Nassif, com charge de Charrytaker