Quintana e Rubem Alves: Morrer? O diabo é deixar de viver!
PERDENDO O MEDO DA MORTE
Logo em seguida a momentos de catarse, como a tragédia do desabamento dos edifícios no centro do Rio, quem administra um blog percebe um súbito aumento de pesquisas relacionadas ao sentido da vida e da morte.
Os monitores de acesso revelam, acredito, a busca solitária — e talvez solidária — por textos ou imagens que proporcionem conforto após eventos de grande comoção como este de agora.
E é mesmo nestas horas que devemos dedicar um tempo à reflexão. Como este fragmento do psicanalista e escritor Rubem Alves, intitulado Sobre a Morte e o Morrer:
O que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define?
Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza.
Concordo com Mário Quintana: “Morrer, que me importa? O diabo é deixar de viver.” A vida é tão boa! Não quero ir embora…
Dizem as escrituras sagradas: “Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer”. A morte e a vida não são contrárias. São irmãs.
A “reverência pela vida” exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir.
Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a “morienterapia”, o cuidado com os que estão morrendo.
A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs.
Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a “Pietà” de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços.
Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo…
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