Twitter e Facebook agora decidem sucesso ou fracasso no emprego

Twitter e Facebook vigiados

TODO MUNDO DE OLHO NAS SUAS OPINIÕES

Ser popular e engraçado no Twitter ou no Facebook é importante. Mas antes de escrever qualquer coisa lembre-se sempre que o seu seguidor e o seu “amigo” mais vigilante é o seu próprio chefe.

O Chefe de Redação

Iniciar a sessão no Twitter depois de uma discussão com o chefe, ou procurar no mural do Facebook um desafogo depois de um dia de trabalho pouco reconfortante podem ser decisões fatais. As redes sociais são coisa do diabo porque nelas, à diferença de outras mídias, a fronteira entre o privado e o público é tão sutil que é quase impossível discernir se um comentário crítico sobre a empresa para a qual trabalhamos faz parte da liberdade de expressão na esfera da intimidade ou pode ser considerado um ato de indisciplina.

Um Twitter ácido contra um superior, ou outro no qual se critiquem as condições de trabalho, pode representar uma sanção ou a demissão. A pouca idade das redes sociais impede que exista uma legislação concreta sobre o assunto. Por isso vai se acumulando uma jurisprudência fruto de sentenças isoladas, muitas delas contraditórias, pelo uso inadequado desses poderosos instrumentos de comunicação.

As empresas vigiam cada vez mais as opiniões de seus empregados nas redes sociais, que também se transformaram em uma plataforma de marketing para as firmas.

No Twitter, 94,87% dos usuários seguem alguma empresa, segundo um estudo da Associação Espanhola da Economia Digital. E são cada vez mais as que aplicam códigos internos de conduta para impedir que a inspiração literária de seus funcionários prejudique sua imagem corporativa ou crie um clima interno negativo.

Já há até nos estatutos trabalhistas de vários países novas normas prevendo que aquilo que o empregado fizer dentro da jornada ou na representação da empresa entra no contrato de trabalho, e se aplica à boa-fé contratual, isto é, ele deve cumprir fielmente seu contrato e evitar causar danos à empresa com seu comportamento, como prejudicar sua reputação corporativa.

Estão em jogo dois tipos de direitos: de um lado, os de expressão e de privacidade do trabalhador e, do outro, o direito patrimonial da empresa a não sofrer danos imateriais, como podem ser a reputação mercantil ou a imagem diante dos consumidores.

Não há ainda uma legislação sobre uso laboral de novas tecnologias nem sobre preconceitos que a empresa possa sofrer por causa de opiniões de trabalhadores nem em meios tradicionais nem eletrônicos. Mas há uma extensa doutrina judicial por transgredir a obrigação legal de boa-fé.

Os veículos de comunicação, por exemplo, criaram código sérios. Os jornalistas devem renunciar a alguns de seus privilégios como cidadãos particulares e assumir que suas mensagens em qualquer rede social são, para efeitos práticos, equivalentes ao que aparece embaixo de sua assinatura no jornal ou do nosso site, segundo os manuais de conduta.

Agora, os repórteres não só são proibidos de “escrever ou publicar qualquer coisa que possa refletir uma parcialidade ou favoritismo político, racial, religioso ou sexual”, como tornar-se seguidores ou unir-se a grupos dessas redes que sejam suscetíveis de manchar a credibilidade do órgão.

A distinção entre o privado e o profissional quase não existe, e o indivíduo deve assumir que o pessoal e o profissional nas redes sociais é uma só atividade, não importa o quanto se esforce para mantê-las separadas.

Ou seja, o panorama mudou. As empresas são conscientes de que sua imagem depende da rede. E de que para cuidar dela é muito mais importante que seus empregados se expressem apropriadamente no Facebook ou Twitter do que usar terno e gravata. Apostam muito nisso. Mesmo que só seja porque 83,4% dos internautas utilizam alguma rede social, de acordo com a última pesquisa da Ocio Networks.

Para controlar e administrar essas ferramentas sociais em benefício das empresas, tanto interna como externamente, nasceu até uma nova profissão, os “community managers” [gerentes de comunidade], cuja demanda se multiplicou por oito em 2010, segundo o relatório da agência de empregos online Infojobs.

E não só as empresas. Também os trabalhadores precisam se transformar em seus próprios “community managers” e cuidar de seus perfis na Internet. As redes sociais podem servir para encontrar um emprego ou como trampolim para um belo salto na carreira profissional. Não precisa beijar a logo da empresa, como fazem os jogadores de futebol com os escudos dos clubes, mas retuitar as ocorrências do chefe ou comentar elogiosamente as fotos das férias dele no Facebook se transformou em um clássico de “boa conduta”.

As empresas também vão à rede buscar informação sobre os possíveis candidatos: o currículo é a fonte principal, mas não a única. Devemos ter muito presente o que a rede diz sobre nós: administrar nossa reputação online. É importante estar nessas redes, mas sempre cuidando atentamente da informação que oferecemos sobre nós mesmos.

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O Chefe de Redação

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