WikiLeaks revela o que há de podre nos intestinos do poder
Hackers pró-WikiLeaks atacam empresas que cedem a pressões dos EUA
Com a prisão do criador do WikiLeaks, Julian Assange, na última terça-feira (07/12), um ‘exército’ de hackers voluntários iniciou o que alguns estão chamando de ‘cyber-guerra’ em defesa do site, bloqueando endereços na internet que de alguma forma prejudicaram o australiano. Empresas de cartões de crédito, bancos e até a ex-candidata a vice-presidência dos Estados Unidos Sarah Palin, tiveram seus websites atacados pelo grupo autointitulado “Anonymous”, que prometeu continuar com as ações nas próximas semanas.
Na quarta-feira (08/12), um rapaz identificado como membro do “Anonymous”, que usou o pseudônimo “Sangue Frio”, afirmou em entrevista à rádio da BBC que a campanha em defesa a Assange não irá acabar tão cedo: “Essa campanha não terminou. Ela continua forte. Esses ataques virarão uma guerra, mas não uma guerra convencional, mas uma pela informação. Tentamos manter a internet livre e aberta para todos, assim como foi até agora”, disse o hacker de 22 anos.
Twitter e Facebook na alça de mira
De acordo com tweets de apoiadores do WikiLeaks no Twitter, os próximos alvos seriam a própria rede social e o Facebook, que cancelaram as contas utilizadas para coordenar os ataques do grupo hacker.
O site da empresa de cartões de crédito MasterCard permaneceu fora do ar durante toda a quarta-feira. A Mastercard afirmou que os ataques não afetaram o sistema de pagamentos, mas segundo a rede britânica BBC, clientes de pelo menos uma companhia disseram ter enfrentado uma queda completa do sistema. A empresa, que não quis ter o nome revelado, afirmou que o serviço de autenticação de pagamentos online, conhecido como Mastercard’s SecureCode, deixou de funcionar.
O site da empresa Visa também foi bloqueado, porém, às 22h30 de quarta-feira, o website da Visa já tinha voltado ao ar. De acordo com a empresa, não foram registrados problemas para a efetuação de pagamentos.
Durante a semana, a Visa e a MasterCard afirmaram que deixariam de processar os pagamentos para o WikiLeaks, ainda que não tenham dado uma explicação detalhada para sua decisão.
Um porta-voz da Visa Europe disse que as organizações podem receber recursos por meio da Visa sempre e quando sejam legais e não rompam as regras de operação da empresa.
O website de pagamentos indiretos PayPal também suspendeu a conta por meio da qual o WikiLeaks recebia doações – confessadamente por “intervenção do Departamento de Estado dos EUA” -, e chegou a sair do ar por 11 horas.
Sarah Palin derrubada
E não somente empresas tornaram-se alvos do “Anonymous”. O site SarahPAC (comitê de ações políticas da ex-candidata conservadora Sarah Palin) foi derrubado pelos hackers na noite de quarta-feira.
Outros supostos ataques de hackers bloquearam o site da promotoria sueca e o do advogado responsável pelas alegações de crimes sexuais cometidos por Assange, disseram autoridades nesta quarta-feira. A promotora, cujo mandado de prisão resultou na decisão de um tribunal britânico, na terça-feira, de manter Assange detido, disse que havia informado a polícia sobre o ataque.
“É claro, é fácil pensar que há uma ligação com o WikiLeaks, mas não podemos confirmar isso”, disse Fredrik Berg, editor do site da promotoria.
Os hackers provocaram também o fechamento durante várias horas do site do governo da Suécia. Segundo o jornal Aftonbladet, o portal oficial “regeringen.se” ficou fora do ar durante várias horas, na noite de quarta para quinta-feira. Pela manhã, o portal funcionava normalmente.
Reação em defesa do WikiLeaks
A empresa que processa pagamentos para o WikiLeaks disse que pretende processar a Visa e a MasterCard pela negativa delas em processar doações do site, que tem como meta vazar documentos secretos.
O diretor-geral da empresa islandesa DataCell, Andreas Fink, disse que buscará uma compensação pelos danos provocados. “É difícil acreditar que uma empresa tão grande como a Visa possa tomar uma decisão política”, disse Fink por telefone, falando da Suíça, à Agência Estado. Em um comunicado anterior, sua empresa defendeu o site e disse: “É simplesmente ridículo pensar que o WikiLeaks cometeu um crime.”