70 mil engenheiros estrangeiros vivem e trabalham no Brasil
MAS NINGUÉM FALA NADA. JÁ OS MÉDICOS…
70 mil engenheiros estrangeiros trabalham hoje no Brasil, de acordo com os mais recentes dados do Ministério do Trabalho. Nenhuma gritaria foi feita pela categoria ou pela velha mídia.
Eles prestam serviços em setores onde há uma enorme carência de profissionais, como na área de petróleo e projetos relacionados, muito lucrativos para as empresas multinacionais.
Mas, quando se trata de salvar vidas, acendem-se todas as fogueiras do inferno da nova inquisição contra uma cooperação que é lógica e indispensável, solidária e humanitária.
Por que também é aceitável a importação de celulares, tênis, roupas, cosméticos, bebidas, caviar e milhares de produtos da China, que geram milhões de empregos lá fora e em competição desigual com as empresas genuinamente nacionais?
Paradoxalmente, não se aceita a cooperação de médicos de Cuba, sendo este o único país em condições objetivas de apresentar-se prontamente e de maneira eficaz com profissionais experimentados.
O último cavalo de batalha contra a contratação dos médicos cubanos é a remuneração que vão receber.
Quando prevalecem fatos, indicadores internacionais e números, é muita má-fé falar mal do sistema de saúde e da qualidade dos médicos de Cuba.
A revalidação de diploma também não é argumento, pois os médicos estrangeiros trabalharão em atividades definidas e por tempo determinado, nos termos do programa do governo federal.
Não tem o menor sentido, também, dizer que os cubanos não se entenderão com os brasileiros por causa do idioma.
Primeiro, porque vários deles falam o português e o portunhol, segundo porque os médicos cubanos estão acostumados a trabalhar em países em que a língua falada é o inglês, o francês, o português e dialetos africanos. E nunca isso foi entrave.
Resta, assim, a forma de contratação e, mais uma vez sem medo do ridículo, falam até de “trabalho escravo”.
Essa restrição também não tem procedência, nem por argumentos morais ou éticos (e em boa parte hipócritas), nem com base na legislação brasileira e internacional.
Para entender melhor, vamos a duas situações hipotéticas, embora ocorram rotineiramente.
1 – Uma empreiteira brasileira é contratada pelo governo de um país europeu para uma obra. A empresa recebe euro por esse trabalho e leva àquele país, por tempo determinado, alguns engenheiros, geólogos, operários especializados e funcionários administrativos, todos eles empregados na empreiteira no Brasil. Encerrado o contrato, todos voltam ao Brasil com seus empregos assegurados. Quem define a remuneração desses empregados da empreiteira e faz o pagamento, ela ou o governo do país europeu? É óbvio que é a empreiteira.
2 – Os governos do Brasil e de um país africano assinam um acordo para que uma empresa estatal brasileira envie profissionais de seu quadro para dar assistência técnica a pequenos agricultores. O governo brasileiro é remunerado em dólares pelo governo africano. A estatal designa alguns de seus funcionários para residir e trabalhar temporariamente na África. Quem define a remuneração dos servidores e faz o pagamento, a estatal brasileira ou o governo do país africano? É óbvio que é a empresa estatal brasileira.
Por que, então, tem que ser diferente com os médicos cubanos?
Eles não estão vindo para o Brasil como pessoas físicas, nem estão desempregados. São servidores públicos do governo de Cuba, trabalham para o Estado e por ele são remunerados.
Quando termina a missão no Brasil (ou em qualquer outros dos mais de 60 países em que trabalham), voltam para Cuba e para seus empregos públicos.
Não teria o menor sentido, assim, que esses médicos, formados em Cuba e servidores públicos cubanos, fossem cedidos pelo governo de Cuba para trabalhar no Brasil como se fossem pessoas físicas sendo contratadas.
Para isso, eles teriam de deixar seus postos no governo de Cuba.
Como não faria sentido que os empregados da empreiteira contratada na Europa ou da estatal contratada na África assinassem contratos e fossem remunerados diretamente pelos governos desses países.
Trata-se de uma prestação de serviços por parte de Cuba, feita, como é natural, por profissionais dos quadros de saúde daquele país.
A outra crítica é quanto à remuneração dos médicos cubanos.
Embora menor do que a que receberão os brasileiros e estrangeiros contratados como pessoas físicas, está dentro dos padrões de Cuba. Não discrepa substancialmente do que recebem seus colegas que trabalham no arquipélago. É mais, mas não muito mais.
Portanto, não faz o menor sentido, na realidade cubana, que um médico de seus serviços de saúde, trabalhando em outro país, receba R$ 10 mil mensais.
E, embora os críticos não aceitem, há em Cuba uma clara aceitação, pela população, de que os recursos obtidos pela exportação de bens e serviços (entre os quais o turismo, educação e saúde) sejam revertidos a todos, e não a uma minoria.
O que Cuba ganha com suas exportações de bens e serviços, depois de pagar aos trabalhadores envolvidos, não vai para pessoas físicas, mas para o Estado.
A possibilidade de ganhar bem mais é que faz com que alguns médicos cubanos prefiram deixar Cuba e trabalhar em outros países como pessoas físicas.
É normal que isso aconteça, em Cuba ou em qualquer país (não estamos recebendo portugueses e espanhóis?) e em qualquer atividade (quantos latino-americanos buscam emigrar para países mais desenvolvidos?).
Como é normal que muitos dos médicos cubanos aprovem o sistema socialista em que vivem e se disponham a cumprir as “missões internacionalistas” em qualquer parte do mundo, independentemente de qual é o salário.
Para eles, a medicina se caracteriza pelo humanismo e pela solidariedade, e não pela lógica do lucro a que fomos condicionados como sendo o “normal”.
É difícil entender isso pelos que aceitam passivamente, aprovam ou se beneficiam da privatização e da mercantilização da medicina e da assistência à saúde no Brasil.
A histeria das entidades médicas cheira mal, a macarthismo. A maioria da população apoia a vinda dos médicos estrangeiros e repudia a posição fascista dos CRMs e da imprensa conservadora.
Passado o impacto negativo das manifestações de junho, Rachel, a recuperação das intenções de voto na presidenta, confirmada pela última pesquisa Ibope, ajuda a entender o caráter desonesto da atual campanha midiática contra a vinda dos médicos estrangeiros.
Numa atitude que demonstra até onde o interesse eleitoral pode chegar, os conservadores preferem sacrificar a saúde da população mais pobre, sem assistência médica de nenhum tipo, apenas para tentar impedir que Dilma possa apresentar alguma melhoria, por mais modesta que seja, numa área historicamente tão abandonada do serviço público.
Dê uma olhada nisso: http://istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE
Quando um doutor compra um carrão importado para se exibir e mostrar como é bem sucedido (e como são caras as suas consultas) ele está se lixando para o número de empregos que poderia ajudar a criar aqui dentro. Ele só olha é para o próprio umbigo.
E aí, brother? Bom te reencontrar. Por força de ofício, você sabe disso, eu conheço centenas de cidades do interior do país, tendo, inclusive, morado em algumas delas. Não é fácil. Nas menores e mais isoladas, os únicos que atendem à saúde da população são os donos de farmácias – quando elas existem e nem sempre são farmacêuticos -, as parteiras, as benzedeiras, os pais-de-santo e… salve-se quem puder. Abs.