A nova moda na Internet agora é rasgar o próprio dinheiro
A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DAS PIRÂMIDES
Primeiro, olhe para esta brincadeira, principalmente os que fazem força na base. Agora imagine a mesma cena com milhares de pessoas. Quando a pilha desmoronar, porque vai, quem será esmagado?
Agora, você entra na rede e topa com um anúncio “Ganhe dinheiro assistindo a vídeos na internet”. A promessa é que você receba R$ 40 por semana apenas para assistir a um minuto e meio de propaganda.
Para isso, basta que você pague um investimento anual de R$ 600 para começar a receber os dividendos. A remuneração será de R$ 1.920 – rendimento redentor de 220% ao ano, ou mais de 18% ao mês.
Se você dispõe de 10 vezes mais tempo para ver os vídeos, seu olho cresce, você compra novas cotas e convence seus amigos a entrar na roda da fortuna para aumentar seus ganhos fáceis, certo?
Errado, é exatamente o que alguém quer que você acredite para entrar — aonde? — na desequilibrada e, portanto, insustentável base de uma pirâmide financeira. Isto é mais velho quanto andar pra frente.
Este tipo de fraude ganhou fama com um esquema desenvolvido nos anos 1920 pelo ítalo-americano Charles Ponzi, que atraiu um sem-número de clientes prometendo rentabilidade de 50% em apenas 45 dias.
Quando o esquema entrou em colapso, descobriu-se que 160 milhões de cupons postais eram necessários para sustentar as margens que seduziam os investidores. Mas só existiam 27 mil no mercado.
Condenado a vários anos de prisão, o trambiqueiro fugiu para o Rio de Janeiro, onde morreu em 1949… pobre! Mas seu legado carimbou o golpe de pirâmide, mundialmente conhecido como esquema de Ponzi.
O INFERNO NA TERRA
Com a veloz expansão da Internet surgiu uma nova onda de produtos tão absurdamente virtuais que fica difícil acreditar na quantidade de pessoas que mordem qualquer isca para participar desse tipo de fraude.
Enquanto o sujeito rasga o seu próprio dinheiro, não é problema de ninguém, mas quando ele acha que pode jogar fora o dinheiro alheio, aí o problema é mais sério. É caso de polícia.
Esses esquemas sempre desmoronam, é questão de semanas ou meses, no máximo, para que desmoronem por exaustão do modelo. E quem vai arcar com os prejuízos são os que estão entrando agora.
Quem sustenta o topo da pirâmide é a base e quando ela começar a rarear, os “ganhos” vão sendo cada vez mais espaçados, até que se reduzam a nada — porque os mentores já fugiram com o grosso da grana.
Diariamente pipocam em blogs e redes sociais estórias sobre o “fulano que investiu R$ 30 mil” ou o “sicrano que comprou R$ 100 mil em créditos”. Quanto a esses só se pode lamentar. Vão amargar os prejuízos.
Por fim, um conselho para quem está com dinheiro para jogar fora: ao invés de prejudicar os outros, procure fazer uma coisa útil, como ajudar uma entidade social. O retorno desse investimento é garantido.
Se você não ganhar nada nesta vida, quem sabe quando morrer garanta ao menos uma vaguinha no céu. Melhor arriscar nisso, do que viver o próprio inferno aqui na terra.