Brasil entra na corrida mundial para produzir o grafeno
REVOLUÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA DO SÉCULO
Há quase 10 anos, o grafeno foi descoberto na Inglaterra por dois pesquisadores russos, Andre Geim e Konstantin Novoselov, quando trabalhavam na Universidade de Manchester.
No processo para a obtenção do material, eles partiram da esfoliação do cristal de grafite. Com a sacada, a dupla recebeu o Prêmio Nobel da Física em 2010, entrando para a história.
Mas, direto ao ponto, para quê ele serve na prática?
O grafeno é um cristal de carbono em duas dimensões, isto é, tem a espessura de um átomo. Apesar de ser o material mais fino do universo, ele carrega propriedades elétricas e estruturais extraordinárias.
Além de conduzir eletricidade melhor que o cobre ou o silício, o grafeno é mais forte e conduz calor melhor do que o próprio diamante — estrutura também de carbono, só que em estado puro, que ocupa o topo de qualquer escala de dureza conhecida.
Só que, ao mesmo tempo, é maleável como uma membrana de plástico, extremamente fina. Por essas características, é considerado o material de escolha para a nova geração de displays e dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos.
Em diversas áreas, seguramente, o grafeno vai substituir as tecnologias mais antigas. Porém, a principal aposta é outra: ele poderá revolucionar a relação entre máquina e ser humano, acreditam os cientistas.
Sim, a resistência, a maleabilidade e a capacidade de produzir energia fazem do grafeno um elemento com potencial altamente transformador.
O material poderá trazer uma nova geração de produtos eletrônicos transparentes, flexíveis, super finos, leves, e ao mesmo tempo resistentes e com baixo consumo de energia.
Como se não bastasse, por sua versatilidade, o grafeno tem potencial de uso na medicina, aeronáutica e indústria automotiva — abrindo muitas perspectivas de exploração comercial.
Tudo bem compreendido? Então, agora a melhor notícia: em breve, o Brasil também passará a produzir o cobiçado material.
Uma parceria entre a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Universidade Nacional de Cingapura vai favorecer a troca de conhecimento e a instalação de uma unidade nacional de pesquisa.
As conversas já estão tão adiantadas que o primeiro centro de estudos de grafeno no País deverá estar concluído em maio do próximo ano.
E não podemos mesmo ficar para trás nesta área porque o mundo inteiro investiga aplicações industriais para o grafeno.
Tanto é verdade que, apesar da crise brava lá fora, a União Europeia não hesitou em aprovar um programa de 1 bilhão de euros para o estudo industrial do grafeno durante os próximos 10 anos.
A Coreia do Sul já investiu cerca de meio bilhão de dólares, a Inglaterra, perto de 200 milhões, os EUA, mais ou menos isso, sendo que Cingapura já aplicou mais de 100 milhões de dólares.
Ou seja, não tem saída: quem não investir no grafeno agora vai ficar a ver navios no futuro, isto é, vai ter que pagar royalties pela tecnologia que a inovação tecnológica vai gerar.
Com DW