Como os EUA usam os metadados para espionar os cidadãos
NÃO SORRIA: TODOS NÓS SOMOS VIGIADOS
Ao analisar o orçamento para 2013 da NSA – a agência de segurança nacional dos EUA – o jornal The New York Times conseguiu dimensionar o alcance da massiva espionagem do governo sobre os cidadãos norte-americanos.
Com base na capacidade dos softwares usados e pelo número de espiões envolvidos, a NSA está aparelhada para capturar 20 bilhões de metadados diariamente, e torná-los disponíveis aos seus arapongas em apenas 60 minutos.
A investigação realizada a partir dos documentos revelados por Edward Snowden, mostra como a agência se dedica há anos a traçar uma rede de contatos sociais para aprofundar o perfil de qualquer pessoa residente nos EUA.
METADADOS REVELADORES
A ideia é que pode ser muito mais revelador da atividade de uma pessoa saber com quem ela se relaciona, por onde se desloca, a que instituições recorre e onde faz suas compras, do que o próprio conteúdo das mensagens.
Os “metadados” podem ser, de fato, extremamente reveladores. Os registros de e-mails e de chamadas telefônicas, por exemplo, permitem aos espiões identificar amigos, detectar onde essas pessoas estavam em determinado momento, obter pistas sobre filiações partidárias ou preferências religiosas, assim como tirar conclusões sobre chamadas regulares para psiquiatras, por exemplo.
Só por identificar o número para o qual a pessoa ligou numa certa hora, ou a localização do celular, é possível traçar a imagem do que essa pessoa está fazendo. É o equivalente digital de seguir uma pessoa na rua, só que muito mais fácil.
Só que o mesmo recurso é utilizado para monitorar cidadãos brasileiros. Por isso, o jornalista Glenn Greenwald, que publica matérias sobre a espionagem dos EUA, defende que Brasil e a Argentina dedesenvolvam uma internet própria para evitar a bisbilhotagem estadunidense.
“Há uma consciência real de que a Argentina e o Brasil firmem parceria para a construção de uma internet própria, assim como a União Europeia, algo que até agora só fez a China”, afirmou em entrevista concedida no Rio de Janeiro ao jornal argentino Página/12.
Para ele, os países devem construir pontes para evitar que a rede se torne monopolizada. O jornalista recebeu documentos do ex-prestador de serviços da NSA, Edward Snowden.
PRETEXTO DO TERRORISMO
Greenwald considera que o objetivo da Casa Branca é controlar a informação para aumentar seu poder no mundo e usa o pretexto do terrorismo para agir livremente. “É uma boa desculpa para torturar, sequestrar e prender”, disse.
O jornalista defendeu o vazamento de informação feito por Snowden e anteriormente pelo ex-soldado americano Bradley Manning, recentemente condenado a 35 anos de prisão por ter entregue documentos a Julian Assange, fundador do site WikiLeaks.
Para Greenwald, Assange “é um herói pelo trabalho que fez no WikiLeaks porque foi ele que plantou a ideia de que, na era digital, era muito difícil para os governos proteger seus segredos sem destruir outra privacidade”.
Depois das revelações de espionagem no Brasil, que incluiu a presidenta Dilma Rousseff, a chefe de Estado brasileira suspendeu a visita oficial que faria a Washington em 23 de outubro.