Crise do euro se alastra e incertezas aumentam na Europa
ZONA DO EURO: SOBERANIA OU MORTE
As bolsas subiram num intervalo de alívio e esperança, mas a Europa vive dias de emergência.
A ingenuidade germânica que ambicionava manter um estado de exceção permanente nas fronteiras vizinhas, e assim preservar sua finança, entrou em rota de colisão com a natureza sistêmica da crise: os mercados já recusam comprar a dívida alemã a juros de prima-dona.
Mas é na Itália que se trava a mãe de todas as batalhas.
A fragilidade italiana se manifesta na inversão da curva de juros, que faz com que títulos de curto prazo paguem mais que os papéis de dez anos emitidos pelo Tesouro romano.
A distorção fiscal — que torna seis meses mais arriscados do que uma década — contamina o custo do conjunto da economia, nivelando os juros por cima para estrangular as empresas pelo canal do financiamento bancário.
É a tempestade perfeita: colapso público, asfixia privada e custos financeiros crescentes. Um rolo compressor de comprovado teor destrutivo.
Só há uma alternativa ao caos, aquela que desautoriza Angela Merkel e o cânone ortodoxo: a intervenção de uma instância estatal soberana, um Banco Central Europeu com poderes para afrontar os mercados e retirar a dívida pública do seu jugo, tornando-se o financiador em última instância do euro — prerrogativa terceirizada a rentistas e especuladores na concepção original da União Europeia.
* Opinião
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