Espaços verdes urbanos tornam as pessoas mais felizes
BEM-ESTAR EM CONTATO COM A NATUREZA
Parece óbvio que as pessoas que vivem em cidades com mais espaços verdes sentem-se melhor do que aquelas cercadas por pedras e aço. Mas daí surge uma questão: é possível medir esta “quantidade” de bem-estar em comparação com outros padrões de satisfação?
É sim. A felicidade associada ao espaço verde equivale a 33% do bem-estar que as pessoas têm em ser casadas e a 10% da satisfação de vida extra derivada de estar empregadas, segundo metodologia aplicada pela Universidade de Exeter Medical School.
Fazer quantificações assim é importante para os formuladores de políticas decidirem como investir os escassos recursos públicos, por exemplo, para o desenvolvimento e manutenção de um parque, e descobrir o impacto que vai ter nos seus investimentos.
Não surpreende que as áreas mais agradáveis da cidade possam ser preenchidas por pessoas mais felizes, embora estudos anteriores tenham sido incapazes de desvendar se o bem-estar emocional simplesmente se mudou para os pontos verdes ou se estes realmente aumentaram o bem-estar.
Os cientistas aprofundaram a questão, a ser publicada na próxima edição da revista Psychological Science, usando dados de longo prazo, coletados entre 1991 e 2008 nos EUA.
Foi comparada a satisfação com a vida das mesmas pessoas enquanto se mudaram de áreas mais verdes para áreas menos verdes e vice-versa.
Os pesquisadores também controlaram outras variáveis como a renda, emprego, estado civil, saúde, tempo de moradia e fatores locais, tais como as taxas de criminalidade, para garantir, tanto quanto possível que os efeitos eram provenientes de vegetação.
Os resultados mostraram que a satisfação com a vida das pessoas, avaliada através de um questionário, melhorava quando eles se mudaram para as cidades mais verdes, onde havia diminuição de manchas urbanas e onde a natureza estava fora do local.
Espaços verdes também foram relacionados com sofrimento mental inferior em moradores.
O estudo não pode provar conclusivamente que o espaço verde causou o aumento na felicidade, porque é impossível controlar todas as variáveis que podem estar em jogo, mas revelou que os parques estão ligados à saúde psicológica.
Num estudo, os pesquisadores acompanharam moradores de habitação social que foram aleatoriamente designados para apartamentos com vista para árvores e relva ou com vista para pátios estéreis.
As pessoas que vivem com vista para a vegetação relataram menos violência doméstica e menos conflitos agressivos. Eles também eram menos propensos a ver os seus problemas como insolúveis.
Outro estudo, publicado na revista Environmental Science & Technology, em 2010, constatou que apenas uma “dose” de cinco minutos de natureza pode melhorar a auto-estima. As áreas verdes com água foram considerados mais benéficas.
A vegetação, como se vê, pode influenciar a saúde física, bem como a psicológica.
Um levantamento de 2002, publicado no Journal of Epidemiology & Community Health, descobriu que idosos no Japão tiveram menores taxas de mortalidade nos cinco anos do estudo, quando viviam em áreas tranquilas e rodeadas de espaços verdes.
Com Ciência Online