Garçom herói protege o povo contra a repressão policial na Espanha
¡NO PASARÁN!
Tem gente que quando ve uma tropa de paus mandados composta por brucutus truculentos treme mais que vara verde e sai correndo com o rabo entre as pernas. Outros, na plateia conservadora, aplaudem à espera de uma carnificina patrocinada por mandatários fascistas.
Mas cidadãos conscientes de seus direitos enfrentam com altivez a situação de força adversa, desproporcional e perigosa do aparato repressor.
E assim, frente à truculência da polícia de Madri para conter os protestos de milhares de espanhóis contra o governo neoliberal de Mariano Rajoy, na última terça-feira (25/09), o garçom do restaurante de um hotel da capital espanhola serviu de escudo humano para proteger os manifestantes e virou um símbolo instantâneo do Movimento 25S.
Alberto Casillas, de 49 anos, não deixou a polícia entrar no estabelecimento para deter ou dispersar as muitas pessoas que ali se refugiaram. Casado, pai de dois filhos, Villa trabalha no Restaurante Prado, parte do hotel Vincci Soho, no centro de Madri, perto do epicentro da manifestação.
Sua atitude virou destaque nos principais jornais espanhóis e foi “trending topic” no Twitter.
“Não sou herói, foi um ato humano e qualquer cidadão teria feito o mesmo”, disse à imprensa espanhola. “Ouvi um dos agentes dizer que ia entrar para ‘identificar’ as pessoas. Disse-lhe que ali não entravam, porque só tinha gente inocente. Eu estava com muito medo, porque caso eles entrassem, poderia ser um banho de sangue”, afirmou.
Durante a meia hora de tensão, algumas pessoas que estavam no outro lado da rua começaram a atirar pedras contra a polícia e uma delas acabou acertando o braço de Casillas. O garçom pediu para que parassem imediatamente, como é possível ver no vídeo.
“A ação policial foi desmedida. Havia mulheres feridas. Reconheço que votei no PP [Partido Popular], mas não concordo com isso, com um governo que se esconde atrás das pistolas”, desabafou.
Opera Mundi
Sobre os aplausos da platéia direitista (e nada como um dia após o outro), vale uma paródia do famoso poema ‘Um Passeio com Maiakovski’:
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo…