Ian Anderson, do Jethro Tull, é ‘o cara’ com sua flauta mágica em My God
O MITOLÓGICO FAUNO DO ROCK
Já faz um tempinho a história que conto agora. Era um sábado pela manhã e eu trabalhava sintonizado na milenarista CBN — a rádio que troca notícias.
(Abro parêntesis: o adjetivo se refere não só à emissora como a toda mídia decadente que veicula a velha ideologia emanada do Instituto Millenium).
De repente o âncora chama o repórter, pelo gaguejar um jovem estagiário, para o seu boletim a respeito de um festival de rock que rolava na ocasião.
Antes de apresentar a programação do dia, o garoto relatou como tinham transcorrido os shows da noite anterior e os destaques que mereceram a atenção.
No caso a dele, porque gastou 99,9% do tempo elogiando os espetáculos incríveis de certas bandas das quais nunca se ouviu falar, a não ser ele próprio.
E se despediu, num tom de enfadonho desprezo: “Ah, e teve também um grupo chamado Jethro Tull com um cara tocando flauta”, para desligar o microfone.
Tomei um susto (a CBN sempre se supera em sua capacidade de insultar a inteligência do ouvinte). Como assim, UM cara? Acontece que o flautista é O CARA!
O despreparado radialista se referia a ninguém menos que o multinstrumentista escocês Ian Anderson, líder de uma das maiores bandas da história do rock.
Com sua “flauta mágica”, ajudou a revolucionar o gênero progressivo em obras da dimensão de Aqualung, Thick As a Brick e Living in The Past, entre outras.
Ou seja, um único destes discos citados foi mais importante para a evolução do rock do que todas as bandinhas juntas, celebradas pelo estagiário da CBN.
E o garotão não sabia, nem se preparou para a cobertura musical, nunca tinha ouvido falar do monstro-sagrado. E aposto: não entendeu nada… até hoje.
Para que ninguém, no futuro, passe por um vexame desses em público, sugiro assistir ao mitológico “fauno” em My God. E que cada um tire as suas conclusões.
Acompanho essa “bandinha” chamada JT (já me considero íntimo, nem que seja pelo tempo) e esse “um cara tocando flauta” me impressionou desde então. É nunca mais parei de escutar. Mesmo assim acredito que estou longe de conseguir absorver toda a complexidade desse gênio. Sim, sou fã incondicional desse cara tocando flauta!
P.S.: enquanto os cantores tomam fôlego, o danado toca flauta… e ela fala!