Manual de calouros no Paraná: alunas têm obrigação de ‘dar’

Sexismo e agressão em trote da linguiça

MACHISTAS INCITAM ESTUPRO EM FACULDADE

A Cachaça da Happy Hour

Há um ano, “veteranos” descerebrados da faculdade de Agronomia da UnB já haviam submetido jovens calouras a humilhações, como chupar linguiças durante o trote.

Agora, a violência se repete, só que no curso de Direito da UFPR – Universidade Federal do Paraná, onde um grupo de “alunos” distribuiu manual para calouros do curso que dita às alunas regras sobre obrigações e favores sexuais.

Não é a primeira vez que o manual causa polêmica. Em 2010, ele continha conteúdo pornográfico e também fazia apologia ao consumo de drogas.

O atual “manual de sobrevivência” afirma que garotas têm a obrigação de “dar” e causou indignação ao ser distribuído para calouros que começam o ano letivo.

O livreto “Como cagar na cabeça de humanos”, cujo título faz referência aos pombos que vivem no teto da sede da faculdade de Direito, tem oito páginas.

Nele, entre dicas sobre os melhores lugares para beber na região, há um tópico que promete mostrar ao calouro como “se dar bem na vida amorosa utilizando a legislação brasileira”.

Segundo o manual, se uma garota prometer “mundos e fundos (principalmente fundos)” e der apenas um beijo, o calouro deve citar o artigo 233 do Código Civil para conseguir fazer sexo.

“Obrigação de dar: ‘a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados'”, segundo o artigo.

Afirma ainda que, se uma garota disser “vamos com calma”, o aluno deve dizer “não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra”, segundo um trecho do artigo 252. E conclui: “Ela vai ter que dar tudo de uma vez”.

CENTRO ACADÊMICO

O material foi produzido pelo PDU (Partido Democrático Universitário), grupo que até 2011 comandava o centro acadêmico local, e começou a ser distribuído neste mês.

Ele acabou despertando a ira de grupos feministas e de esquerda da UFPR, que o acusaram de ser “machista” e de incitar a prática de estupro. O curso tem 1.100 alunos.

Uma nota de repúdio foi publicada anteontem na internet pelo PAR (Partido Acadêmico Renovador), que comanda atualmente o centro acadêmico, e outros quatro grupos da universidade.

Para a aluna Maine Tokarski, 20, o manual dá a entender que as mulheres são um objeto que pode ser “usado”. “Ninguém aceita uma piada racista, então por que aceitar uma contra as mulheres?”

Os alunos que se sentiram ofendidos iriam decidir ontem à noite se fariam uma queixa contra os autores à direção da faculdade.

Com Migalhas

Um comentário em “Manual de calouros no Paraná: alunas têm obrigação de ‘dar’

  • 26 de agosto de 2013 em 22:33
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    O triste é ver até meninas filmando como se fosse a coisa mais normal. É só expulsar…

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