Marketing inventou que o azul é para eles e o rosa para elas

 

COR MAIS ADEQUADA PARA HOMEM E MULHER

A menina deste vídeo não se encaixa no padrão habitual. Com tal nível de consciência revela um espírito muito elevado – uma criança índigo, cristal ou mesmo, diriam alguns, extraterrestre.

Humanos assim possuem habilidades sociais refinadas, maior sensibilidade, desenvolvimento profundo de questões ético-morais e comportariam personalidades sintonizadas com a Nova Era.

Cores adequadas por sexo

E nós, onde nos encaixamos? Todos nascemos gênios, garantem psicólogos e pedagogos. Nosso modelo de educação e suas condicionantes é que nos transformam em seres medíocres.

Crescemos todos normalmente, salvo honrosas exceções, com os conceitos bem formatados pelo sistema para aceitar verdades absolutas sem questionar suas origens e reais intenções.

Sabemos, por exemplo, que o azul é para eles e o rosa para elas, tal como é praticamente impensável oferecer uma boneca a um menino ou um autorama a uma menina.

Assim como a existência do Papai Noel, muitos mitos se mantêm intactos ao longo da infância, passando pela adolescência e, pasme, até durante a fase adulta.

Ainda que muitos se questionem, não deixa de ser assim porque assim é que é. E, pelo sim, pelo não, é preferível não contrariar verdades socialmente impostas.

À semelhança do bom velhinho vestido de vermelho, que nasceu de uma campanha publicitária made in USA da Coca-Cola, como surgiram as cores para homens e mulheres?

UMA JOGADA DE MARKETING

Aí também a atribuição do rosa para as mulheres e do azul para os homens teve origem no maravilhoso e encantado mundo do marketing.

Ao contrário do que alguns poderiam supor, não se trata de algum fator biológico, nem tampouco de um conceito ancestral. Na verdade, foi recentemente criado.

Aconteceu no início do século XX, quando um catálogo de roupas norte-americano apontou o azul como mais delicado para elas e o rosa mais forte para eles.

Até que, para aumentar o consumo, uma estratégia de marketing experimentou inverter a tendência. Vingou! E mais do que isso…

Tornou-se uma imposição social a ponto de gerar preconceitos perante quem ousasse contrariá-la. Como se a afinidade com alguma cor determinasse a personalidade ou mesmo a sexualidade.

Cores para homens e mulheres

“Cor-de-rosa não é para homens. Será para alguns, não para todos”, ouvimos tantas vezes. E não apenas em peças de vestuário, já que por aí até vão surgindo alguns vestígios de mudança.

A conexão é perversa e a separação deles e delas por cores é quase protocolar para quem aprecia uma sociedade hierarquizada, com o sexo forte – diga-se masculino – no topo da pirâmide.

O mesmo se passa com os brinquedos. Estudos mostram que o gosto é adquirido socialmente, não é algo espontaneamente inato.

Nada de estranho então: aos meninos há que se ensinar a gostar de carros, futebol, jogos de luta e tudo o que lhes transmita a ideia de competição, força, audácia e, por que não, liberdade.

Às meninas estão destinadas bonecas para o condicionamento ao mundo da moda, bebês acompanhados de fraldas, eletrodomésticos em miniatura e até cosméticos ou produtos de beleza.

Define-se assim o papel de cada um e cada uma na sociedade consumista.

O MACHISMO DISSIMULADO

Num tempo dito moderno e emancipado, mas ainda tão fortemente marcado pelo machismo incutido, dissimulado (e tantas vezes assumido) importa, assim, continuar a fomentar a desigualdade entre os gêneros.

O que não deixa de ser paradoxal, uma vez que as mulheres já ocupam postos de poder e chefia, os homens aprenderam a repartir as tarefas domésticas e os cuidados com os filhos e até se aprendeu um pouco sobre a diferença entre os sexos.

E embora muito se fale por aí em mudança, a verdade é que a elas continua reservado, desde o nascimento, a cor rosa e as bonecas, ficando para eles o azul e os brinquedos mais desafiadores e aventureiros.

Afinal, como disse Simone de Beauvoir, “O que é um adulto? Uma criança inchada pela idade”.

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Remix, com Cláudia Elias

OBS: Caso as legendas com a tradução do diálogo da garotinha com o pai não apareçam durante a visualização, ative-as clicando no botão CC no lado direito da barra inferior da caixa de vídeo.

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