Mochila com sensor eletrônico pode salvar abelhas da extinção

UM BRASILEIRO PARTICIPA DA EXPERIÊNCIA

Abelha Ciborgue

“Se as abelhas desaparecerem, quantos anos de vida restariam à Terra? Quatro, cinco? Sem abelhas não há polinização e sem polinização não há plantas, nem animais, nem gente”.

O comentário foi feito há muito tempo pelo gênio da física Albert Einstein numa roda de amigos. Todos riram, ele não. E agora acontece que no mundo há cada vez menos abelhas…

Por isso, qualquer tentativa é válida para elucidar o mistério da “Desordem do Colapso das Colônias”, condição que vem dizimando colmeias de abelhas em várias partes do mundo.

Agora, cientistas australianos equipam milhares de abelhas com “mochilas eletrônicas”, transformando-as em autênticos sensores vivos – uma nova “espécie” de insetos ciborgues.

O objetivo é monitorar as abelhas com vistas a melhorar seu trabalho de polinização em culturas comerciais. E um brasileiro está trabalhando no experimento do instituto CSIRO.

“Cerca de um terço da comida que comemos depende de polinização, mas as populações de abelhas melíferas em todo o mundo estão caindo por causa do ácaro Varroa e da Desordem do Colapso das Colônias,” diz Paulo de Souza.

SENSO DOS ENXAMES

Para agir, ele e sua equipe estão instalando circuitos eletrônicos de 2,5 x 2,5 milímetros em 5 mil abelhas, e soltando-as de volta na natureza para que façam o seu trabalho normalmente.

Os sensores são etiquetas RFID, cujos dados são coletados quando os insetos ciborgues passam nas proximidades dos vários pontos de checagem distribuídos pelos pesquisadores.

Dos pontos de coleta, as informações são enviadas a uma central onde os dados dos são usados para construir um modelo tridimensional, permitindo a visualização das rotas dos insetos através da paisagem – o “sensoriamento de enxame”.

Como é sabido, as abelhas são insetos sociais que retornam ao mesmo ponto e operam segundo uma programação previsível. Qualquer mudança no seu comportamento indica uma alteração em seu ambiente.

“Modelando seus movimentos, poderemos reconhecer rapidamente quando sua atividade apresentar variação e identificar a causa. Isso ajudará a entender como maximizar sua produtividade, bem como monitorar qualquer risco de biossegurança,” explica o cientista.

Paulo de Souza é formado em física pela Universidade Federal do Espirito Santo, e atualmente colabora com a NASA na coleta de dados dos robôs Spirit e Opportunity, que estão em Marte.

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