Na crise econômica até hormônios afetam índices das bolsas de valores

Mulheres e finanças
 ENDOCRINOLOGIA FINANCEIRA

Em tempos de tsunamis financeiros quem é que sai gritando feito uma “louca” para se livrar de seus investimentos pelo primeiro preço que encontra pela frente? São os homens, claro, porque a mulherada é que sabe transformar a maré econômica adversa numa marolinha.

Sim, a disciplina das mulheres para aguentar, sem sucumbir, o sobe e desce da bolsa de 2008 para cá está longe de ser mera coincidência. As finanças comportamentais explicam em boa parte esse sangue-frio feminino, decisivo em momentos tão nervosos, como os que os mercados têm vivido ultimamente.

Estudos revelam que a testosterona é o hormônio responsável pela impulsividade. Isso explicaria, portanto, porque os homens não pensam duas vezes para vender suas ações ao menor sinal de queda da bolsa, enquanto as mulheres respiram fundo e esperam a tempestade passar para só depois, de cabeça mais fresca, pensar no que vão fazer.

O autor do livro “O Valor do Amanhã”, Eduardo Giannetti da Fonseca, lembra que o pico da testosterona no homem e, consequentemente, da impulsividade, ocorre entre os 20 e 30 anos. “Não é à toa que uma parte considerável dos homens presos nas cadeias está nessa faixa etária”, argumenta Giannetti da Fonseca.

Ele afirma que já existe uma linha de estudo chamada endocrinologia financeira, que tem o objetivo de fazer correlações entre o nível de testosterona e o perfil de risco nas decisões tomadas pelos homens nas mesas de operações de bancos e corretoras.

Mas as mulheres não são mais disciplinadas apenas por uma questão hormonal. A história também explica uma parte dessa característica feminina.

Segundo o especialista em finanças comportamentais e estrategista de investimentos pessoais do Santander Asset Management, Aquiles Mosca, a divisão das tarefas entre um casal, no tempo das cavernas, fez com que as mulheres se tornassem naturalmente mais cautelosas e os homens muito mais destemidos, sem nenhum juízo de valor em nenhum dos casos.

“Como o homem era o provedor da família e saía para caçar o alimento, ele precisou aprender a tomar risco e a decidir rapidamente, tornando-se o ser impulsivo que é hoje”, explica Mosca. “Enquanto que a mulher ficava em casa, cuidando dos filhos e dos afazeres domésticos, o que lhe deu condições para se transformar em alguém cuidadoso, disciplinado e detalhista”, completa.

Essa mistura de carga hormonal com a história da humanidade também explica o excesso de autoconfiança que os homens possuem, afirma a professora de psicologia econômica da Fipecafi, Vera Rita de Mello Ferreira. “As mulheres não têm vergonha de reconhecer que não sabem algo e ir atrás de orientação, isso as torna muito mais prudentes nos investimentos, consequentemente, elas acabam errando menos”, diz Vera Rita. “Já os homens têm sempre a sensação que já conhecem tudo e que nunca precisam de ajuda”.

Com esse tipo de postura, no mundo dos investimentos, ressalta Vera Rita, eles costumam girar demais as suas carteiras, perdendo, na melhor das hipóteses, com mais custos como taxas, impostos e corretagens

Os números comprovam a tese. Segundo Mosca, os homens giram suas carteiras, em média, entre 25% e 30% a mais do que as mulheres.

“O resultado é que, quando não perdem por causa de mais custos operacionais, perdem com o desempenho dos próprios ativos, já que, matematicamente, ao mexerem mais nas carteiras, os homens têm mais chances de errarem a mão no mercado”, diz o estrategista.

Já as mulheres, ao permanecerem na bolsa, não correm o riso de perder sequer um pregão de um movimento de recuperação, embora também estejam presentes nos momentos negativos.

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