O grito insano da mídia no Brasil… mas o povo pira é na Europa
LOUCURA E SUICÍDIOS
Depois de viver o Natal mais próspero da história do País, os brasileiros saem alegremente para curtir o réveillon na praia, dando início oficialmente à tão aguardada temporada de férias de verão.
Mais uma vez não adiantou de nada a velha mídia tocar o terror para sabotar as boas festas, porque o povão agora quer é relaxar e se refrescar do calorão com um merecido mergulho no mar.
O mesmo já não se pode dizer dos povos que vivem no hemisfério Norte, no lado oposto do Oceano Atlântico — menos pelo inverno em si e mais pelo agravamento da crise com a consequente deterioração das condições de vida.
Portugal e Grécia têm registrado um aumento no número de transtornos psicológicos diagnosticados e no número de suicídios. É que em ambos os países, os serviços de saúde foram estrangulados devido aos cortes orçamentários.
DEMÊNCIA NEOCON
O mesmo jornal Financial Times que pirou ao fazer coro com a revista The Economist — que pediu a cabeça do nosso ministro da Fazenda, Guido Mantega –, alerta que as consequências da crise na saúde mental da população grega têm sido ignoradas.
Segundo a publicação neocon britânica, os governos estão ocupados com questões mais imediatas, como a fome e a pobreza, negligenciando diante da aceleração dos diagnósticos de depressão e do aumento exponencial dos suicídios.
“Todos os tipos de transtornos psicológicos têm aumentado – ansiedade, depressão, abusos, comportamento anti-social…”, adianta Argyro Voulgari, psicólogo clínico no Centro Helênico para a Saúde Mental e Pesquisa.
Neste centro, o número de crianças e adolescentes em acompanhamento subiu 51% entre 2006 e 2011, portanto no início e auge da atual crise.
A permanente incerteza sobre o futuro e a disparada galopante do desemprego tornaram-se os principais geradores do “stress crônico” entre os gregos.
A manifestação mais preocupante da pressão psicológica a que está submetida a população é o aumento da taxa de suicídio. Entre 2009 e 2011 este indicador disparou 37%, segundo admite o governo grego.
No entanto, sabe-se que a realidade pode ser bem mais dramática, já que a estigmatização associada ao suicídio leva à ocultação e ao mascaramento de muitos casos.
Paralelamente ao acréscimo de transtornos psicológicos, a Grécia assiste ao esfarelamento dos seus serviços de saúde, sujeitos aos cortes impostos pela troika neocon.
Tudo isto se traduz na fragilização dos serviços e cuidados que deveriam ser disponibilizados aos cidadãos.
SITUAÇÃO SE AGRAVA EM PORTUGAL
À semelhança do que se passa na Grécia, médicos e psicólogos portugueses alertam para o agravamento do problema da saúde mental em Portugal.
Com a crise, “a depressão sobe em nível acelerado, as perturbações de ansiedade e de humor são cada vez mais presentes”, adverte Joaquim Passos, professor da Escola Superior de Saúde do Vale do Ave.
O Programa Nacional para a Saúde Mental confirma que “a crise financeira vai ter seguramente impactos muito significativos na saúde mental das populações” — não só de Grécia e Portugal, como das demais que caminham para o abismo econômico.
Segundo o PNSM, é “plausível a ocorrência de um aumento da prevalência de algumas doenças mentais, assim como o aumento da taxa de suicídio em alguns setores da sociedade”.
A Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares também alerta que a crise pode estar contribuindo para o aumento de algumas doenças mentais e tentativas de suicídio.
Observa-se que na medida em que muitos doentes deixam de ter dinheiro para os medicamentos, o resultado inevitável é o agravamento dos respectivos quadros clínicos.
O Instituto de Medicina Legal (IML), em 2011, registrou 110 suicídios a mais do que em 2010, num total de 1.208 ocorrências em Portugal.
Até julho de 2012 foram, por sua vez, confirmados 490 casos de pessoas que tiraram suas vidas, estando este número, contudo, longe de representar a real dimensão do fenômeno.
MANICÔMIO MIDIÁTICO
Ao contrário do que seria desejável, o aumento do número de casos de transtornos psicológicos não tem se traduzido numa maior oferta no que diz respeito aos cuidados de saúde nesta área.
Na realidade, “a crise financeira pode criar o risco de fragilizar os serviços e cuidados que temos obrigação de disponibilizar a estes doentes”, alertou José Miguel Caldas de Almeida, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
É mais ou menos um quadro assim que a mídia nativa quer disseminar no Brasil, através das manchetes delirantes dos jornais e noticiários de TV. Só que até agora a população brasileira resiste em entrar nesse manicômio midiático.
Com Esquerda.net