Pessoas de meia-idade e idosas retomam carreira profissional

Cabeças brancas

NOVAS OPORTUNIDADES PARA A EXPERIÊNCIA E A EXCELÊNCIA

Do blog ECOnsciência

No jornalismo, na publicidade, na economia, na engenharia e em dezenas de outros ramos, quantas carreiras foram interrompidas por conta de um ‘dead line’ cruel ou um fim de linha artificial estabelecidos por uma necessidade doentia de ‘renovação’ e ‘sangue novo’? Agora, com a retomada do crescimento econômico, os novos postos de trabalho estão sendo ocupados pelos mais velhos, revalorizados.

A VOLTA DOS CABEÇAS BRANCAS

por Luiz Caversan *

Eu pertenço a uma geração nascida na década de 1950 que, quando jovem, não gostava de velhos. No máximo respeitava hierárquica ou sentimentalmente seus velhos mais próximos, para se impacientar com os demais.

Principalmente no mercado de trabalho, velho era coisa ultrapassada, chata, sem ritmo, qual museu vivendo do passado e impedindo que nós, brilhantes e impetuosos jovens, alcançássemos mais rapidamente a glória e o poder.

Como dizia Paulo Francis para troçar das bobagens que se perpetravam em nome da modernidade, pfiu!

No jornalismo, na publicidade, na economia, na vida pública e em dezenas de outros ramos, quantas carreiras foram interrompidas por conta de um dead line cruel ou um fim de linha artificial estabelecidos por uma necessidade doentia de “renovação” e “sangue novo”?

E aqui estamos hoje assistindo à valorização da experiência, da cultura e conhecimento acumulados ocorrendo de forma surpreendente, seja no Brasil, onde o índice de ocupação dos cabeças brancas está em alta, seja mundo afora, sobretudo na Europa assolada pela crise.

Na zona do euro temos o exemplo da Espanha, onde o desemprego entre jovens de até 25 anos está na estratosfera, mais de 50%, enquanto os mais velhos continuam tendo sua tarimba requisitada para ajudar a transpor o maremoto da economia que coloca o país de joelhos.

Como sempre, não se deve generalizar, é claro, porque os dados do IBGE relativos aos postos de trabalho ocupados pelos mais velhos incluem aqueles que estão sendo novamente valorizados, sim, mas também quem idealmente “não deveria precisar trabalhar”…

De qualquer maneira, o que poderia se supor corriqueiro por tratar-se de coisa antiga e óbvia — “Esses moços/ pobres moços/ ah se soubessem o que eu sei…”, cantava Lupicínio Rodrigues já em meados do século passado! –, está na ordem do dia, e cada vez mais os “velhinhos” estão aí, arrasando, com suas vidas profissionais bem vividas para compartilhar.

E também — por que não? — com seus smartphones, iPads e outros gadgets que, aliados ao conhecimento acumulado, garantem a contemporaneidade e a qualidade de vida de quem merece mais do que aquele “respeito” que mais exclui do que integra.

* Luiz Carversan é jornalista e consultor na área de comunicação corporativa

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