Por 35 dólares vem aí o Tablet indiano, um Netbook ou iPad popular

Android - tablet indiano de U$35

Do Blog ECOnsciência Inovadora

A popularização de leitores como o iPad vai revolucionar a edição de livros, muito em breve. Mas a inovação verdadeira está muito distante de onde a Apple e a mídia enxergam. Trata-se de um tablet — Netbook com teclado na tela, do tipo iPad — em desenvolvimento na India e que custará no máximo 35 dólares, ou 60 reais.

O INCRÍVEL TABLET INDIANO DE 35 DÓLARES

Por Antonio Martins *

“O iPad pode parecer lampejante, mas a tecnologia que está mudando a vida das pessoas são os laptops de 300 dólares”, frisou a revista The Economist em abril do ano passado, num estudo especial sobre o vasto movimento de inovação tecnológica que sacode China, Índia e, em menor escala, Brasil ou Turquia.

Está em desenvolvimento, na Índia, um produto que confirma e amplia o acerto da sentença. Foi anunciado em julho último, pelo ministro do Desenvolvimento de Recursos Humanos, Kapil Sibal. É um tablet — Netbook com teclado na tela, tipo iPad — que custará no máximo 35 dólares, ou 60 reais.

O tablet indiano parece um agregador de alternativas. Usará Linux, como sistema operacional. Poderá ser alimentado por energia solar. Ao contrário de alguns dos similares convencionais, terá, na versão de U$ 35, acesso a wi-fi, memória razoável de 2Gb e Open Office pré-instalado.

Desenvolvê-lo na escala necessária a tal redução de preço tornou-se possível graças a uma iniciativa pública. O governo indiano encomendará centenas de milhões de aparelhos para distribuir entre estudantes — os de ensino básico e médio receberão versões mais simples. A iniciativa faz parte do projeto One Laptop per Person — OLP.

Tablet indiano tipo iPad de 35 dólaresO ministro Sipal afirma estar disposto a buscar empresas-parceiras, interessadas em produzir versões para venda comercial, também a preços mínimos.

Como o tablet ainda não está disponível, é possível duvidar de que preço e potência sejam, no produto final, tão atraentes quanto os anunciados. É um detalhe.

Uma rápida busca na internet revela que já há, disponíveis, aparelhos equivalentes ao iPad por cerca de R$ 200. Podem ser importados via net, sem burocracia. Após pagamento da taxa alfandegária (60%), chegam por R$ 320, cerca de 1/4 do similar com a griffe da Apple. Custarão muito menos, se forem adotados em escolas públicas, ou (ainda melhor) se houver, além disso, incentivo à sua produção no país.

Terão desempenho semelhante? Testes comparativos revelam que são até melhores, em diversos aspectos. Um deles é o Adam, com preço ligeiramente inferior ao iPad. Utiliza sistema operacional Android desenvolvido pelo Google, com base em Linux. Pode ser lido, em ótima resolução, tanto em ambientes fechados quanto à luz do sol. Sua bateria é muito mais durável (dez horas). Suporta flash e é multitarefa.

Dos ultra-baratos aos sofisticados, os tablets alternativos têm, todos, uma imensa vantagem, em relação ao da Apple. Está relacionada ao advento dos livros eletrônicos, que deverá ter enorme impulso nos próximos anos. Os aparelhos são livres. Permitem que seus usuários baixem e leiam livros, jornais e revistas disponíveis em qualquer acervo digital, livrando-os da dependência em relação à empresa que produz o equipamento.

Em muitos destes bancos de dados já há milhões de títulos disponíveis e grátis. Em outros, editores independentes (inclusive os próprios autores) poderão, muito em breve, criar, editar e oferecer obras ao público, por preços muito inferiores aos dos livros impressos.

Dois textos publicados recentemente na New York Review of Books descrevem esta provável revolução. O primeiro, um ensaio do veterano editor norte-americano John Epstein, destaca as possibilidades abertas pela edição eletrônica; seus limites; como superá-los. O segundo, reportagem de Sue Halpern, debate, com base no iPad, a tensão entre tecnologia e propriedade intelectual.

A ?leitura revelará: a pós-modernidade tem surpresas muito mais fascinantes que telas reluzentes.

* Artigo publicado originalmente no Outras Palavras – Ponto de Cultura, Jornalismo e Mídias Livres

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