Por que se come peru na ceia de Natal?
COMO SURGIU A TRADIÇÃO
Por que se come peru na ceia de Natal é uma curiosidade que está relacionada ao consumo de peixes na Semana Santa — hábitos distantes entre si pelo início e pelo final do inverno.
Em quase todas as regiões do hemisfério Norte esta era a última oportunidade de se fazer uma grande ingestão calórica para suportar os rigores da neve e de baixíssimas temperaturas.
Nos referimos a um período em que a humanidade dispunha de comodidades mínimas para sobreviver ao frio e à fome, seguida de doenças e morte como consequência natural.
Então, no primeiro banquete, os cristão forravam o estômago pedindo a proteção divina; e, no segundo, os sobreviventes desnutridos iam à forra, alimentando-se agradecidos.
Mas a tradição teria surgido mesmo em outra festividade, também de caráter religioso, em Plymouth, Massachusetts, na época da colonização do que ainda viriam a ser os EUA.
No ano de 1621, no Dia de Ação de Graças, pela primeira vez serviu-se perus selvagens, criados pelos nativos mexicanos, como prato principal de uma celebração em louvor à fartura e abundância.
Os espanhóis já os haviam levado antes, por volta do século XVI, do Novo Mundo para uma Europa esfomeada — fato que contribuiu para precipitar as grandes navegações.
Nessa época a realeza se esbaldava com faisões, gansos, cisnes e pavões — aves nobres –, enquanto os pobres disputavam como podiam os ovos de galinhas e, eventualmente, um franguinho (para não citar coisa pior).
O peru chegou em boa hora para alegrar a festa porque, além de ser relativamente barato, ganhava peso mais facilmente com seu peitoral carnudo.
Cristóvão Colombo foi apresentado ao peru quando chegou à América — e, mais tarde, um país andino chegou a ser homenageado com o nome da ave.
Como consta da história oficial, o navegador genovês acreditava estar chegando às Índias por um novo caminho e concluiu que o bicho era de origem indiana.
Por isso, o peru ficou conhecido na Itália como gallo d’Índia (ou dindio/dindo); na França, como coq d’Índe ou dinde; e na Alemanha, como calecutischerhahn, numa referência a Calcutá.
Por seu excelente sabor, foi logo aceito na Europa. De tanto sucesso, em 1549, foi oferecido à rainha Catarina de Médicis, em Paris. No banquete foram servidos cem aves (70 “galinhas da Índia” e 30 “galos da Índia”).
Tornou-se tão apreciado que se transformou no símbolo de alimento das grandes ocasiões — além do Natal, naturalmente.
Nos Estados Unidos, o peru representou o fim da fome dos primeiros colonos ingleses que lá chegaram, e hoje é prato obrigatório no Thanksgiving, ou Dia de Ação de Graças.
No Brasil não foi muito diferente, com a importação das tradições europeias. A ave é apreciada desde a época colonial, quando era servida também com acompanhamentos tropicais.
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