Ronaldinho Gaúcho no Flamengo: a fantasia e a realidade
UM CHEIRO ESTRANHO NO AR…
O futebol não é, definitivamente, a minha praia, a ponto de não conseguir compreender até hoje o motivo que leva os homens a ficarem pulando feito doidos na arquibancada quando sai – ou mesmo quando não sai – um gol. Mas deixa isso pra lá.
O que não me impede, no entanto, de ter perfeita consciência sobre o que rola à minha volta em relação a Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, ao decidir-se agora viver no sedutor Rio de Janeiro e – de lambuja – ainda prometer jogar alguma coisa pelo Flamengo.
E, quanto a isso, devo admitir que a melhor definição da novela que envolveu o desfecho desse rolo todo partiu da fina ironia que presenciei entre um torcedor do Fluminense e um flamenguista. Ao fim e ao cabo, disse o tricolor para o deslumbrado rubro-negro:
– Não sei se devo te dar parabéns ou te desejar boa sorte…
* * *
Eu desejo sorte, sinceramente. O roteiro desse filme é manjado, vide Adriano, W. Love e outros chegados na balada. No Rio? Então digo mais: tô pagando pra ver.
Parabéns…
Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.
Carlos Drummond de Andrade
A novela foi demorada, quase não termina
Flamengo, Grêmio, Palmeiras… marcação em cima
Tentando repatriar jogador com status de estrela
Coisa que não se acreditava de nenhuma maneira
Um a um os times foram saindo da disputa
Queixaram-se do empresário Assis e sua conduta
Pelo jogador, um torneio em formato de leilão
O que não tem transparência termina em confusão
Para os gremistas, frustrados, agora ele é mercenário
Pelé disse que ele deveria jogar por amor, sem salário
Lembro: do Santos, o atleta do século jogou no Cosmos depois
Com certeza amor pelos norte-americanos é que não foi
E agora a maior torcida do país comemora a contratação
Foi recepcionado por uma multidão: portões ao chão
Uma expectativa maior que o número de torcedores
Por quatro anos estará na Gávea, em todos os corredores
Esperam um retorno de quem um dia encantou
Pois do Barcelona para cá parece que se apagou
Promessa de um espetáculo por partida verão
Para quem embolsa um BBB por mês… obrigação
(http://noticiaemverso.blogspot.com)
Huahuahuahua! Sensacional, Nívia. É exatamente o que eu acho. Com ou sem sorte, o Gaúcho pode se transformar num clone, numa réplica financeira do Fenômeno: embolsar 80% da receita em vendas de camisetas e mesmo assim não ganhar nenhum título de expressão sem que haja grandes cobranças de uma torcida entorpecida pela mídia. Porque essa é a realidade, conveniente: tudo no bolso deles (agentes e intermediários) e só uma mixaria de comissão na conta do clube. Huahuahua! Muito boa a provocação, Nívia. Parabéns pela visão feminina da coisa.