Senador quer modificar a grafia de cachorro para ‘caxorro’
SAI AÍ UM CAXORRO-QUENTE COM X-BURGER!
Não é preciso ser um linguista para saber que, numa cultura altamente letrada, a imagem da palavra é fixada por sua ortografia. Portanto, o sistema ortográfico é parte do patrimônio cultural da sociedade.
Por isso a extrema cautela e responsabilidade ao se propor qualquer alteração nesse sistema. Soluções mágicas e mutiladoras são capazes de trazer muito mais prejuízos do que benefícios ao idioma.
Não à toa, todas as reformas ortográficas que se sucederam ao longo do século 20 foram conservadoras e pontuais, como o acordo de 1990, firmado por todos os países de língua oficial portuguesa.
Daí o espanto causado pela infeliz iniciativa do senador Cyro Miranda (PSDB-GO), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, ao criar um grupo de trabalho propondo uma simplificação do sistema ortográfico brasileiro.
CACHORRADA VIRA “CAXORRADA”
Nela, entre tantas alterações, seria abolido o dígrafo “ch” que usamos para escrever, por exemplo, palavras como cachorro – passaria para “caxorro” – e chave, que viraria “xave”.
Também seriam suprimidos o “h” etimológico (homem passaria a ser “omem”), o dígrafo “qu” (aquilo passaria a ser “aqilo”), enquanto os sons [s] e [z] seriam sempre grafados pelas letras “s” e “z” – ezersísio (exercício) e caza (casa).
Essa pretensa reforma pode ser definida com a metáfora de um erro crasso de ortografia e não contribui para que o Brasil assuma o protagonismo que lhe cabe no mundo lusófono, a não ser como piada.
Completo no Observatório da Imprensa
Tinha que ser tucano para propor uma m… destas e, ainda por cima, passar o atestado de burrice com direito a firma reconhecida (com a pata, claro) em cartório. Será que este energúmeno nunca estudou Latim nem Etimologia?
Mas este país é uma piada mesmo! Ao invés desses jumentos estudarem querem emburrecer todo mundo.
Vou dizer uma coisa: lecionei Português e Literatura durante alguns anos e já acho uma monstruosidade essa reforma quase que unilateral da língua feita recentemente – ainda bem que Portugal não assinou esse monstrengo.
Me recuso a adotar a nova grafia porque é ridícula, anti-técnica e esdrúxula e foi feita única e exclusivamente para atender à demanda de traduções de manuais técnicos de quinquilharias e máquinas que os yankees não queriam pagar por suas traduções para o Português.
A tal reforma monstrenga não deu em nada porque do lado de lá do Atlântico eles continuam falando de um jeito completamente diferente do nosso e a reforma não adiantou de nada, só complicou a vida dos estudantes brasileiros.
Ao invés deste boçal propor uma palhaçada destas, deveria se preocupar em capacitar os alfabetizadores, que são os verdadeiros responsáveis pelo grande número de analfabetos funcionais que hoje existem.
E digo mais: noções de Latim e Grego no Primeiro Grau fariam um verdadeiro milagre pela recuperação do nosso vernáculo.