Sentimentos de felicidade, altruísmo, solidariedade, pátria e nação
OS NOVOS TEMPOS QUE AINDA ESTÃO POR VIR
Ideologia não é uma diversão da inteligência. Ela corresponde a interesses humanos bem claros e definidos.
Os homens, mesmo quando submetidos ao sofrimento mais terrível, não deixam de aspirar à felicidade. O que difere é o conceito de felicidade de cada um.
Para os lúcidos, a felicidade é altruísta. Assim a sentem, por exemplo, os patriotas, quando seu país cresce em prosperidade, e todos vivem em paz e têm a mesma oportunidade de realização.
Não pode haver segurança pessoal e o conforto que o trabalho permite, enquanto houver crianças famintas e adolescentes perdidos no turbilhão da miséria, das drogas e do crime.
Em uma sociedade como a que nos cabe, ainda não podemos ser felizes, se não possuirmos sentimento de pátria.
Pátria não é referência geográfica, é uma reunião de seres humanos que falam a mesma língua e têm projetos comuns.
Nação é o ato cotidiano de solidariedade. Os grandes interesses, que manipulam os meios de informação, para manter os povos submissos, inoculam os vírus da intolerância para com os diferentes.
Dessa maneira, pervertem as parcelas mais débeis dos povos, transformando-as em hordas de predadores e assassinos.
Isso ocorre em todos os países do mundo, porque é inerente ao sistema mundial de domínio.
Assim, submetidas à insânia construída e mantida pelo controle da indústria cultural, muitas pessoas só se sentem felizes no usufruto da desigualdade e da injustiça. São aquelas cuja fortuna só lhes serve para a soberba e a intolerância.
Mas há — e não só entre os ricos, mas também entre os pobres alienados — aqueles que só se sentem felizes diante da infelicidade alheia. Só são ricos porque vivem em um mundo de pobres.
Os pensadores de hoje parecem acomodados. Não aparentam dispor da chama interior próxima dos jovens que querem amar e expressar seu inconformismo com o mal-estar de um mundo unidimensional e injusto.
O tempo está exausto, mas é provável que se canse da própria exaustão, a fim de, tal como em outras épocas, provocar o fulgor da inteligência.
E, assim, dar a alguns homens não só ideias fortes mas também o poder de, com elas, convocar a consciência solidária e essencial contra os novos bárbaros.
* Reflexão condensada do jornalista Mauro Santayana, publicada na íntegra aqui. Não deixe de ler.
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