Aves de rapina preparam seu ataque final contra o Brasil
OS URUBUS ESTÃO À SOLTA: AQUI DENTRO
Por que nos desviamos do curso da História e passamos a caminhar tão rapidamente para nos tornar uma abjeta nação fascista, retrógrada, politicamente anacrônica, anti-nacional e conservadora?
O que motiva, agora, uma direita “emergente”, violenta e boçal, a se reunir nas ruas para atacar o Estado de Direito, quebrar as regras que o sustentam e interromper o processo democrático?
Entenda aonde foi que erramos na lúcida reflexão do Jornalista Mauro Santayana, do alto de sua vasta experiência como observador político, acumulada em mais de seis décadas de profissão:
PT X PSDB: A ARTE DE CEVAR URUBUS
Se houve um erro recorrente cometido pela geração que participou da luta pela redemocratização do Brasil, e que pode ser trágico em suas consequências, foi permitir que a flor da liberdade e da democracia, germinada naqueles tempos memoráveis, fosse abandonada à sua própria sorte no coração do povo, relegada a segundo plano pela batalha encarniçada e imediatista das suas diferentes facções, pelo poder.
Perdeu-se a oportunidade – e nisso também devemos nos penitenciar – de aproveitar o impulso democrático surgido da morte trágica de Tancredo Neves para se inserir no currículo escolar de instituições públicas e privadas, obrigatoriamente, o ensino de noções de cidadania e de democracia, assim como o dos Direitos do Homem, estabelecidos na Carta das Nações Unidas.
E esse tema poderia ter sido especificamente tratado na Constituição de 1988. Mas não o foi.
Não se tendo feito isso naquele momento, a ascensão ao poder do auto-exilado Fernando Henrique Cardoso poderia ter levado ao enfrentamento dessa mazela histórica.
E ainda, pelas mesmas e mais fortes razões, a questão deveria ter sido enfrentada quando da chegada ao poder de um líder sindical oriundo da camada menos favorecida da população, pronto a entender a importância de dar a outras pessoas, como ele, o acesso à formação política que lhe permitiu mudar a si mesmo e tentar, de alguma forma, fazer o mesmo com o seu país.
Em vários anos, no entanto, nada foi feito nesse sentido.
Tratava-se de questão fundamental explicar aos brasileiros, para além das eventuais campanhas feitas pela Justiça Eleitoral, a divisão e a atribuição dos Três Poderes da República, noções do funcionamento do Estado, dos direitos e deveres do cidadão, e de como se processa por meio do voto a participação da população.
Entretanto, nunca houve nenhuma iniciativa desse tipo, mesmo que pudesse ter sido adotada a qualquer momento por toda administração municipal.
Pensou-se erroneamente que bastava retornar à eleição do Presidente da República pelo voto direto e promulgar um novo texto constitucional para que se consolidasse a Democracia no Brasil.
Na verdade, essas duas circunstâncias deveriam ter sido vistas apenas como o primeiro passo para uma mudança mais efetiva e profunda, que teria de ter começado por uma verdadeira educação cívica e política da população.
Imprimiu-se a Democracia em milhões de exemplares de livretos da Constituição da República, mas não nos coraçôes e mentes da população brasileira.
De um povo que vinha historicamente de uma série de curtas experiências democráticas, entrecortadas por numerosos golpes e contra-golpes de todo tipo; educado ao longo das duas décadas anteriores, dentro dos ritos e mitos de uma ditadura que precisava justificar de forma peremptória a derrubada de um governo democrático e nacionalista – ungido pelo plebiscito que deu vitória ao presidencialismo – com a desculpa do bovino anticomunismo da Guerra Fria, cego e ideologicamente manipulado a partir de uma potência estrangeira, os EUA.
À ausência de um programa de educação democrática para a população brasileira – e da defesa da Democracia como parte integrante, permanente, necessária, no nível do Congresso e dos partidos, do discurso político nacional –, somou-se nos últimos tempos a deletéria criminalização e judicialização da política, antes, depois e durante as campanhas eleitorais.
Assim como parece não perceber que a desestruturação da Petrobras, do BNDES, das grandes empresas de infra-estrutura, dos bancos públicos, criará um efeito cascata que prejudicará toda a nação, legando-lhe uma vitória de Pirro, caso venha a chegar ao poder em 2018, a oposição também não compreende que ao incentivar ou se omitir, oficialmente, frente aos ataques à Democracia e aos apelos ao golpismo por parte de alguns segmentos da população, está dando um tiro pela culatra, que só favorecerá uma terceira força, com relação à qual comete terrível engano se acredita que tem a menor possibilidade de vir a controlar.
A mesma parcela do público radicalmente contrária ao Partido dos Trabalhadores estende paulatinamente o processo de criminalização da política ao PSDB e a outros partidos adversários do PT. Já há até quem defenda na internet e nas redes sociais a tese de que o país precisa livrar-se das duas legendas e de que a saída só virá por meio do rápido surgimento de outra alternativa política ou de uma “intervenção militar”.
Bem intencionado na área social, na macroeconomia, em áreas como as Relações Exteriores e a Defesa, e atuando quase sempre sob pressão, o PT cometeu inúmeros erros nos últimos anos, não apenas de ordem política.
Um deles foi deixar de investigar com o mesmo rigor que vigora agora certos episódios ocorridos nos oito anos de FHC, anteriores à sua chegada ao poder.
Abrir a porta a paraquedistas que nada tinham a ver com os ideais de sua origem, atraídos pela perspectiva de poder, também foi um equívoco.
Como foi fechar os olhos para o fato de que alguns de seus militantes estavam caindo, paulatinamente, na tentação de se deixar seduzir e contaminar, também, pelas benesses e possibilidades decorrentes das vitórias nas urnas.
O maior de todos, no entanto, foi se omitir de responder desde o começo àqueles ataques mais espatafúrdios, sem outra motivação do que a do ódio e do preconceito, que passou a receber desde que chegou à Presidência da República.
Ao adotar de forma persistente essa posição o PT prestou um terrível, quase irreparável, desserviço à Democracia.
Em um país em que blogueiros são condenados a pagar indenizações por chamar alguém de sacripanta, a própria liturgia do cargo exige que um Presidente ou uma Presidente da República usem a força da Lei para coibir de maneira exemplar quem os desqualifica, pública e diuturnamente na internet, como um bando de fdp, ladrão, bandido, assassina, terrorista, vaca, anta, prostituta e etc.
Tal liturgia exige que se faça isso desde a posse, não apenas para preservar a autoridade máxima da República, que a ninguém pertence pessoalmente já que conferida foi pelo voto de milhões de brasileiros, mas, sobretudo, para defender a democracia em um país e uma região do mundo em que quase sempre esteve ameaçada.
Existe, é claro, a liberdade de expressão, e existem a calúnia, o ataque às instituições, ao Estado de Direito, à Constituição, que ameaçam a estabilidade do país e a paz social. E o governo, que se furta a defender tais pressupostos nos quais se fundamentam Estado e Nação, deveria responsabilizar-se direta, senão criminalmente, por essa omissão.
Se Lula, Dilma e outras lideranças não se defendem, nem mesmo quando acusadas de crimes como esquartejamento, o PT como partido incorre no mesmo erro ao omitir-se de ampla e coordenada defesa da democracia – e não apenas em proveito próprio – dentro e fora do ambiente virtual.
Em plena ascensão do discurso anticomunista e “anti-bolivariano” – o Brasil agora é um país “comunista”, com 55 bilhões de reais de lucro para os bancos e 65 bilhões de dólares de Investimento Estrangeiro Direto no ano passado, e perigosos “marxistas”, como Katia Abreu, Guilherme Afif Domingos e Joaquim Levy no governo – sua militância insiste em se vestir de vermelho como o diabo, como adoram lembrar seus adversários, a cada vez que bota o pé na rua.
Isso, ao mesmo tempo em que estranhamente abandona o espaço de comentários dos grandes portais e redes sociais, lidos pela maioria dos internautas, a golpistas que se apropriam das cores da bandeira, agora até mesmo como slogan.
Ninguém se iluda: ao fazer o que estão fazendo, o Governo, o PT e o próprio PSDB estão fortalecendo uma terceira força e se especializando na perigosa arte de cevar os urubus.
De que se alimenta a extrema direita?
Do ódio, da violência, do preconceito, da criminalização da política, da infiltração e do aparelhamento do estado, do divisionismo, da disseminação terrorista da calúnia, do boato e da desinformação.
No futuro, quando for estudado o curto período de 30 anos que nos separa da redemocratização, será possível ver com clareza – e isso cobrarão os patriotas pósteros, se ainda os houver nesta Nação – no que resultou a hesitação, a imprevisibilidade, a aversão ao planejamento, a anemia partidária e a mais absoluta incompetência por parte da comunicação do PT, principalmente na enumeração e disseminação de dados irrefutáveis; e o irresponsável fomento ao anti-nacionalismo e à paulatina criminalização e judicialização da política, por parte da oposição, PSDB à frente.
E o pior: como conseguiram transformar o país libertário, uno e nacionalista que emergiu da luta pela Democracia e que reunia milhões de pessoas nas ruas para defender esses ideais há 30 anos, em uma nação fascista, retrógrada, politicamente anacrônica, anti-nacional e conservadora, que reúne agora, nas ruas, pessoas para atacar o Estado de Direito, quebrar as regras que o sustentam e interromper o processo democrático.
Um país cada vez mais influenciado por uma direita “emergente” e boçal – abjeta e submissa ao estrangeiro, preconceituosa e arrogante com a maioria da população brasileira – estúpida, golpista e violenta, que está estendendo sua influência sobre setores da classe média e do lumpen proletariado, e crescendo como câncer na estrutura de administração do estado, na área de segurança, nos meios religiosos, na mídia e na comunicação em geral.
Destruiu-se a aliança entre a burguesia nacionalista e os trabalhadores que conduziu o país à Campanha das Diretas e à eleição de Tancredo Neves como primeiro presidente civil depois de 21 anos de interrupção do processo democrático.
Destruiu-se a articulação das organizações e setores mais importantes da sociedade civil na defesa do país, do desenvolvimento e da democracia.
Destruiu-se, sobretudo, a esperança e o nacionalismo que hoje só a muito custo persistem no coração abnegado de patriotas que lutam, como quixotes aguerridos e impolutos, em pequenas organizações e na internet, para evitar que a Nação naufrague, definitivamente, em meio à desinformação, ao escolho moral e à apatia suicida da atualidade; ao pesado bombardeio das forças que cobiçam, do exterior, nossas riquezas;
Restará o Brasil que abandonou e relegou, como quinto maior país do mundo em território e população, qualquer intenção que já tenha tido de ocupar de forma altiva e soberana o lugar que lhe cabe no concerto das Nações.
Hoje se veem brasileiros encaminhando pedidos à Casa Branca de intervenção na vida nacional, defendendo a total privatização, desnacionalização e entrega de nossas maiores empresas, em troca, alegadamente, de comprar por um real um litro de gasolina, como no país do Tio Sam, tratando meios de comunicação estrangeiros e pseudo organizações de todo tipo sediadas na Europa e nos EUA como incontestáveis oráculos aos que se deve reverência e obediência absolutas.
E os inimigos do Brasil riem e sua boca se enche de saliva, antecipando a divisão e o esgarçamento da nossa sociedade e nossa entrega e capitulação aos seus ditames, com a definitiva colonização da nossa Pátria, e, sobretudo, da alma brasileira.
Pouco mais há a fazer – correndo o risco de sermos tachados mais uma vez de loucos, ridículos e senis, extintos e sem mais lugar neste mundo, do que os répteis que outrora cruzavam as planícies de Pangeia – do que pregar, como João Batista, no deserto, mastigando os gafanhotos do ódio e do sarcasmo.
É preciso reunir os democratas e os nacionalistas onde os houver para evitar de forma inteligente e se contrapor de maneira coordenada ao fortalecimento descontrolado, já quase inevitável, das forças antidemocráticas e anti-nacionais.
O governo e a oposição – ao menos a mais equilibrada – precisam parar de cevar as aves de rapina que, dentro e fora do país, anseiam e já antevêem nossa destruição e o controle definitivo de nossa população e de nossas riquezas.
Quando acabarem, pelo natural esgotamento e imposição das circunstâncias, os equívocos, as concessões, os enganos, as omissões, as pequenas felonias, as traições à verdade, ao passado e ao futuro, de que se alimentarão os urubus?
Pagamos o preço caríssimo de ser um país de ignorantes com diploma universitário. Gente sem cultura, sem conhecimento acadêmico sólido e sem a mínima formação humanística necessária para um cabedal mínimo de consciência cidadã.
E, para piorar, a maioria dos que aí estão a cacarejar essa catilinária sem pés nem cabeça é composta por filhos de jovens que cresceram à sombra dos valores anti-democráticos da ditadura: o prazer pela negociata com a certeza da impunidade, o cala-boca pela força ou coação em quem ousar discordar do sistema instituído, a hipocrisia como regra e a truculência como modus operandi.
Esta geração – a minha geração – deseducou seus filhos como se fossem as coisas mais importantes do planeta e, portanto, não sujeitas às regras básicas da civilidade.
Ética, caráter, cultura? Pra quê?
Se o modelo era o oposto disto e ele tinha vindo prá ficar ainda mais que era abençoado pelo nosso tutor do hemisfério norte. Assumir o papel de calhorda e fazer o jogo sujo sempre foi mais fácil, cômodo e rentável.
Agora posam de indignados e fazem uso de sua arma predileta, a hipocrisia, pois são tão ou mais podres do que aqueles ratos que infestam o Congresso em Brasília.
Criou-se um sistema de sacralização da picaretagem via instituições e escolas e nem eu nem meus netos veremos este país saneado desta praga. O solo era fértil para que ela se espalhasse e multiplicasse: analfabetismo, semi escravidão, falta de saúde, de emprego e de escolas.
Por outro lado tem-se a merda da TV fazendo seu serviço sujo acelerando o processo de estupidificação da massa a passos largos.
Não tem jeito. Ou o país acorda e toma vergonha na cara e pára de posar de menina violada, arregaça as mangas e faz uma faxina NOS 3 PODERES e se consolida como uma democracia de verdade ou passaremos pelos mesmos estágios que outros países tiveram que passar por se negarem a enfrentar a realidade: guerras civis, revoltas, chacinas, golpes, ditaduras, massacres…
E talvez, digo talvez, daqui a alguns séculos possamos dizer que a bananolândia (em alusão aos milhões de bananas que por aqui habitam) virou uma terra de gente séria e que merece viver num dos países mais ricos em recursos do mundo.