Lulinhas – oportunidade de negócios com bonecos de políticos
Bonecos de políticos e personalidades produzidos em cerâmica ou outros materiais são uma ótima oportunidade de negócios para artesãos habilidosos e microempreendedores ousados. Em vários países fatura-se milhões com isso. Aqui no Brasil, a brincadeira está apenas começando.
Quem deu a largada foi o PT nacional, que lançará em breve nas lojas do partido os “Lulinhas”, ou seja, bonecos em miniatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que serão comercializados em duas versões: com a camiseta de torcedor do Brasil ou “arrumadinho”, de terno e gravata.
O Partido dos Trabalhadores ainda avalia como será feita a produção dos bonecos, que deverão custar em torno de R$ 5. A ideia é vendê-los nas lojas da agremiação política e em eventos de campanha. O dinheiro arrecadado será destinado ao financiamento das candidaturas da sigla.
As estatuetas de cerâmica foram criadas por um artesão de Santa Catarina. Os petistas se entusiasmaram com a iniciativa e agora estudam como colocar os “Lulinhas” à venda.
Esta não é a primeira vez que o presidente Lula vira boneco. Em 2006, uma série de exemplares de um “Lulinha” de pelúcia chegou a ficar exposta em uma galeria em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na época, a obra teve tanta repercussão que o próprio presidente solicitou um exemplar de lembrança.
Aqui a iniciativa ainda é tida como uma baita novidade, mas em outros países trata-se uma das mais antigas, tradicionais e difundidas formas de comunicação política.
Funciona, muitas, vezes, como uma espécie de charge em 3D daquilo que estamos acostumados a ver nas páginas dos jornais ou nas atuais montagens de photoshop.
Nos EUA, por exemplo, tudo é planejado com muita antecedência e envolve somas que chegam a milhões de dólares.
Como é da característica do capitalismo local, os bonecos são lançados numa escala avassaladora. Tanto pelos que apoiam quanto por aqueles que se opõem a determinados candidatos.
No primeiro caso são tratados com toda a solenidade exigida pela liturgia do cargo que postulam. Já os adversários costumam ser punidos com réplicas em situações ou poses que amplifiquem seus supostos defeitos para, assim, desqualificá-los ao máximo.
Na Europa a tradição é antiquíssima, remontando aos tempos do feudalismo, onde reis, rainhas, czares e demais medalhões da corte, como condes e barões, eram retratados em bonecos de gesso, barro, cerâmica ou porcelana.
O humor costuma prevalecer — às vezes de forma bastante ácida — em função das características culturais de cada povo da região. Ou de acordo com a avaliação do ibope de momento.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que o diga.
O soco na cara que recebeu recentemente ficou registrado para a posteridade numa série de bonequinhos que podem ser encontrados em todas as lojas de souvenirs da Itália.
O sangue jorrando pelo nariz do premier funciona como uma aprovação tácita do artista à atitude violenta do agressor. Faz parte da brincadeira.
Na França, quanto mais corta direitos e benefícios sociais da população, mais alfinetes vão recebendo em várias partes do corpo as estatuetas que retratam o presidente — e também direitista — Nicolas Sarkozy.
O bonequinho é um sucesso de vendas entre os insatisfeitos.
Se funciona ou não, ainda não se sabe, mas essa manifestação do mais explícito masoquismo vuduzento parece ao menos ter abalado as relações conjugais do mandatário francês com a primeira-dama, Carla Bruni. Apenas coincidência?
O também nada sutil senso de humor dos alemães costuma frequentar as páginas de jornais, revistas e sites na internet.
Não foram poucas as vezes em que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel — considerada pela revista Forbes como a mulher mais poderosa do mundo em 2009 — viu seus projetos ou fracassos políticos desnudados em praça pública por artesãos pra lá de politicamente incorretos.
De todos esses, porém, nenhum se compara à famosa série catalã “El caganer” que — como o próprio nome revela, sendo desnecessária a tradução — homenageia os principais líderes e personalidades mundiais que literalmente “obram”, no sentido escatológico mesmo do termo.
Esses bonecos de cerâmica estão associados a antigas tradições natalinas da Catalunha, na Espanha, e ficam colocados no meio dos presépios. As crianças se divertem tentando encontrar onde está o “caganer” da cena.
A utilização dessas estatuetas remonta ao século XVIII, tendo sido uma representação, digamos um tanto obscura, de uma tradição agrícola de fertilidade do solo. É aquela questão de adubar a terra de maneira orgânica. Portanto, começaram a surgir estatuetas de camponeses, de cócoras e… obrando. Pois, estariam adubando o solo para melhores colheitas nos anos vindouros. Sinal de boa sorte e prosperidade.
Só que, de repente, algum gozador teve uma ideia maligna e fez a associação com algumas atitudes e decisões políticas. Aí a coisa começou a ficar mais engraçada e a se espalhar país afora… e pelo mundo.
Com o passar do tempo, outras figuras passaram a ser incorporadas. Hoje basta ser um tantinho famoso para que qualquer personalidade, não importando a área — seja política, esporte, música e tal — tenha a sua imagem representada abaixadinha, com as calças arriadas… como se estivesse atrás da moita.
Apenas uma empresa responsável pela produção vende cerca de 25 mil bonequinhos por ano, que são dados de presentes como uma manifestação do Natal ou adquiridos como souvenirs por turistas estrangeiros.
Para finalizar, é bom não esquecer que as próximas festas natalinas e de reveillón terão uma característica toda peculiar em relação aos últimos anos, embora nada tenham a ver com os europeus brincalhões. Na verdade, se dará o contrário: o presidente mais adorado em todos os tempos pelos brasileiros estará passando a faixa ao seu sucessor — ou sucessora.
Reproduzir como lembrança a imagem de uma unanimidade nacional com o calibre de um presidente Lula será na certa um tiro na mosca e abrirá oportunidades incomensuráveis de negócios para artistas habilidosos e microempreendedores ousados. Ou seja, será uma boa hora para os artesãos enfiarem as mãos na massa e o pé na jaca.
Parece certo que nunca antes na história deste país houve uma possibilidade tão favorável para faturar algum em cima de um político. O PT já percebeu isso e resolveu, como se diz na gíria futebolística, jogar a favor do seu próprio patrimônio.
Solicito orçamento para confecionar bonecão politico personalizado
Att
Duarte Totó
Gratos pela consulta, Duarte. Mas você pode usar nossa página de Contato (no menu acima ou no link a seguir) para informar detalhes do que pretende, como medidas aproximadas, tipo de material e formas de exibição, entre outras. Precisamos saber mais sobre o seu projeto, combinados?
CONTATO: https://materiaincognita.com.br/contato/