O charme das porcelanas recicladas. Um luxo de lixo!
O IRRESISTÍVEL CHARME DA IMPERFEIÇÃO
Do blog NEMO Design
Objetos de época quebrados, que iriam para o lixo, são cultuados por um novo tipo de colecionador
Uma das palavras da moda é reuso. Do Brooklin a Berlim não é difícil encontrar pessoas que se dedicam a dar nova vida a objetos que seriam descartados. Andrew Baseman é um deles.
“Eu os chamo de órfãos do mundo dos antiquários”, diz o decorador, referindo-se à sua coleção de utensílios, que datam de séculos passados e trazem a evidência de ter sido quebrados e reparados de maneiras inusitadas – e às vezes geniais.
Espalhados pelo apartamento de Chelsea que Baseman divide com o companheiro, Mark Randall, e em sua fazenda no estado de Nova York estão mais de 300 exemplos de ‘hacks’ históricos, para usar o jargão da cultura do restauro.
Há um conjunto chinês de pratos azuis e brancos do século VXIII que foram quebrados em mil pedaços e novamente montados com grampos de fio metálico. Há várias chaleiras, jarros, taças e canecas – de porcelana, cerâmica, vidro e metal – cujos cabos quebrados, bicos e bases foram substituídos por outros de latão, estanho, bronze, prata e madeira. Há até uma coleção de brinquedos.
“Espanta-me que alguns não tenham sido jogados fora”, afirma ele, mostrando um cãozinho de chumbo fundido dos anos 30 sem uma perna, que foi substituída por um prego. Entretanto, para pessoas como ele, o quebrado é lindo. “Quanto mais destruído melhor.”
Uma de suas preciosidades é a chaleira da Europa Oriental, que comprou há cinco anos por US$ 40. Pintada de bolinhas e minúscula, recebeu pelo menos cinco reparos, inclusive uma base de alumínio, 18 pinos e arrebites, pedaços de porcelanas de outra tampa presos com grampos, fio de ferro retorcido e uma aplicação de estanho em um dos lados.
Nem todos os objetos consertados são tão remendados. Para cada copo preso numa base de madeira mal feita da coleção de Baseman, há uma peça de linda porcelana cuja função e aspecto foram melhorados, às vezes, com cabos de prata finamente trabalhada ou braçadeiras douradas. “O tipo de reparo revela a situação do proprietário.”
Baseman não está sozinho. Em 2009, a Freer Gallery of Art do Smithsonian, em Washington, realizou uma mostra intitulada “Emendas douradas: A arte japonesa do restauro da cerâmica”, que apresentava o kintsugi, restauros feitos com laca e ouro em pó.
Embora sejam vendidos em feirinhas, alguns destes objetos começam a ir a leilão. A casa Skinner, de Boston, incluiu 15 lotes de objetos reparados em uma venda de arte decorativa no início de novembro, que incluiu itens de até US$ 250 mil. “Às vezes, vejo uma peça que adoro, mas que não precisou de restauração”, diz Baseman, “e não posso deixar de desejar que tivesse sido quebrada. Seria tão mais interessante!”
Matéria do New York Times extraída daqui. Veja também o slideshow do NYT.
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Amei o assunto! Grata!
Nós é que agradecemos, Gi, pela sua manifestação.
Claro que apaixonei na ideia: a beleza do imperfeito em peças de extremo valor. Claro q tem peças que podem ter uma restauração perfeita. Mas como o texto menciona, cada restauro fala a respeito dos recursos de quem fez o trabalho. Amei, amei… de verdade!! <3
Assim como amamos sua página. Parabéns pelo seu trabalho, como blogueira e sensível fotógrafa.
Como Restauradora achei o recurso “interessante” mas, para quem deseja resgatar a alma completa da peça, vale a pena apostar na restauração e composição de cada detalhe. Abraços a todos.
http://nandadatiartes.webnode.com/
Sem dúvida, Nanda, muito bacana e relevante o seu ofício. Gostei de conhecer. Saudações luminosas, Paulo.