O jeans com plástico PET é ecologicamente correto mesmo?
É PRA VALER OU É MARKETING ENGANOSO?
Uma nova coleção de roupas jeans produzidas a partir do lixo — principalmente garrafas PET — vem sendo bastante badalada pela marca norte-americana Levi’s.
A linha Waste Less teria sido desenvolvida com o objetivo de reduzir e reaproveitar os resíduos de plástico usado, contribuindo para diminuir o impacto ambiental.
Estes materiais são recolhidos por municípios nos EUA, separados por cores e triturados para dar origem à fibra de poliéster. Posteriormente, esta fibra é misturada com os fios de algodão para criar o denim usado nas calças e blusões da Levi Waste Less.
Oito garrafas de plástico são suficientes para produzir os 20% de plástico necessários para dar origem a um novo par de calças e a cor das peças não difere muito das tradicionais. A tonalidade varia de acordo com o plástico usado – castanho, verde ou transparente.
Para a sua coleção Primavera/Verão 2013, a Levi’s apregoa que reciclou cerca de 3,5 milhões de garrafas e bandejas descartáveis com a produção de 300 mil calças, evitando que estes resíduos fossem colocados em aterros sanitários ou incineradoras.
O DIABO MORA NOS DETALHES
Tudo muito bem, tudo muito bom; trata-se, a princípio, de uma boa notícia. Todavia — sempre tem um “mas” envolvido no jogo dos espertos –, é bom nunca esquecer que o diabo, infelizmente, mora nos detalhes.
A empresa foi denunciada pela ativista Naomi Klein, em seu best-seller Sem Logo: a tirania das marcas, pela terceirização da produção em países que oferecem amplas vantagens fiscais, exploração de mão-de-obra semi-escrava e destruição ambiental nas Filipinas, Honduras, Haiti, Indonésia e China.
Seria esta, então, mais uma típica jogada de greenwashing para posar de “ecologicamente responsável” a fim de aumentar vendas e lucros obscenos?
Apenas para demonstrar que o capitalismo selvagem não é espaço para inocentes, vale lembrar a inacreditável “calculadora de gordura acumulada” lançada pela Coca-Cola, sugerindo o volume de exercícios necessários para o consumidor queimar os quilos adquiridos ao beber o refrigerante.
Não precisaria nem relacionar no rótulo os males que a bebida açucarada e gaseificada causa à saúde. Se fosse mais “transparente”, para dizer o mínimo, recomendaria um simples “beba com moderação”.