Pardais controlam velocidade dos pedestres a mais de 3 km/h

Controle de velocidade

RADAR CONTRA O STRESS

Do blog ECOnsciência

E se os controladores de velocidade, os famosos “pardais”, saíssem das ruas e estradas para pousar nas calçadas, nos passeios públicos?

Foi exatamente isso que aconteceu em Rouen, no norte da França, onde um radar para pedestres foi instalado na rua principal da cidade – onde sequer passam carros.

Desde o início de novembro, a pessoa que passa caminhando a mais de 3 km/h – como adverte a placa de trânsito – recebe o flash das câmeras sinalizando que a velocidade está superior à permitida.

Mas se engana quem pensa que a iniciativa é mais um abuso das autoridades. Os “multados” não são intimados a pagar qualquer valor: a ideia não é arrecadar dinheiro nem punir os apressados, a não ser pela vergonha de receber o flash em meio à multidão.

Ao invés de multar, o radar está lá para alertar os passantes sobre a rapidez e o estresse do dia a dia. Ou seja, a mais de 3km/h, o crime é não apreciar as belezas da cidade.

A iniciativa partiu de um artista, Benoit Thiollent. Cansado de ver câmeras por todos os lados com o único objetivo de controlar as pessoas, ele decidiu criar um dispositivo em que o resultado fosse um momento de relaxamento para os pedestres, em uma cidade que guarda monumentos e um patrimônio histórico rico, no coração da Normandia.

As placas utilizadas são idênticas às verdadeiras sinalizações de trânsito e advertem: “Pedestre, reduza a velocidade. Fiscalização”.

Rouen, cidade da França

“Tem tanta coisa para observar e para admirar, mas hoje em dia as pessoas não se permitem mais um momento de tranquilidade em meio ao trabalho. Achei que valia a pena forçá-las a isso”, afirmou Thiollent.

Ele argumenta que, “em última análise, estes radares estão instalados para prestar homenagem à cidade” – em especial em novembro, quando Rouen recebe a mostra Rouen Impressionnée, com obras impressionistas espalhadas pelas ruas e museus do município.

“Zona 3” está incluída na programação, instalada nas calçadas da rua Ganterie.

A novidade surpreendeu a população – entre reações de admiração e preocupação, os moradores aos poucos compreenderam que o radar era inofensivo.

No início, alguns pensavam que as fotos poderiam ser utilizadas na internet e temiam ficar estigmatizados como apressadinhos ou estressados, relata o autor da obra. Entretanto, não há registro de imagens: o aparelho apenas dispara flashes ao flagrar um infrator.

“Fui surpreendido por aquele flash no entardecer e fiquei intrigado. Voltei, li as placas e dei risada. De fato, eu parecia um maluco inculto que jamais olhava para os lados”, brinca Cédric Guizelin, que mora em uma cidade vizinha, mas vai a Rouen diariamente para o trabalho.

“Pela primeira vez, vejo um radar que serve para enriquecer o espírito ao invés de nos esvaziar os bolsos.”

No Terra

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