Presidenta, desligue a TV Globo para se ligar no mundo real
RUAS GRITAM CONTRA CEGUEIRA POLÍTICA
Dilma Rousseff gosta de fritar omeletes no programa da ‘tomateira’ Ana Maria Braga, elogiar telenovelas e descarregar milhões anuais em publicidade oficial na Rede Globo. A presidenta, ao contrário, deveria sair do mundo da fantasia, cair na real e se informar melhor sobre o que anda ocorrendo na blogosfera, nas redes sociais e, agora, no calor das ruas. Senão, 2014 já era…
SE LIGA, DILMA: OUÇA A VOZ DAS RUAS
Por Laurindo Lalo Leal Filho *
As ruas estão avisando: é preciso agir. Na comunicação estamos muito atrasados. Esses jovens que ocuparam as ruas e praças em todo o Brasil têm muito que dizer, mas não têm onde falar.
É preciso ampliar a liberdade de expressão no País. As ações de governo e de outros tantos setores emudecidos da sociedade, não podem continuar sendo filtradas pela mídia comercial.
Vários desses meios vêm tentando passar a ideia de que é o governo federal o alvo das manifestações de rua. E, no primeiro momento, seguindo sua lógica mesquinha chamaram todos de vândalos. Como contestar?
Através dos mesmos veículos da velha mídia é impossível. A saída são os espaços alternativos, os existentes e os que necessitam ser criados.
Para isso há dois caminhos a serem seguidos: o fortalecimento das novas mídias não comprometidas com os interesses secularmente dominantes no país, sejam elas públicas ou privadas, especialmente a internet.
Simultaneamente, enviar de imediato para o Congresso uma lei de meios capaz de dar espaços a outras vozes, dissonantes da ladainha conservadora.
Se tivéssemos, nos últimos dias, uma mídia alternativa forte, sustentada por recursos semelhantes ao oferecidos pelo governo à mídia tradicional, as perspectivas futuras do movimento das ruas poderia ser outra.
Todos estão surpresos com a dimensão do que vem ocorrendo, mas as tentativas de explicação, salvo raras exceções, são as simplistas e reacionárias. Com uma mídia alternativa forte o debate em torno desse tema se tornaria bem mais qualificado.
Além disso, cadeias de rádio e televisão públicas, de alcance nacional, são fundamentais nesses momentos. É através delas que as opiniões se multiplicam dando ao cidadão a possibilidade de escolha.
Exemplos não faltam em vários países que contam com sistemas públicos de comunicação fortes.
O caminho paralelo a esse é o da Lei de Meios. Já são 19 projetos engavetados desde a Constituição de 1988. É preciso que o governo se ligue na importância da lei.
Sem ela a democracia brasileira não só não se ampliará como corre sérios riscos de retrocesso.
* Laurindo Lalo Leal Filho – sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP