Protestos de rua nos EUA contra espionagem dos cidadãos
A DEFESA DAS LIBERDADES FUNDAMENTAIS
No Brasil, as pessoas saíram às ruas, em junho, contra qualquer coisa que pudesse ser dita numa placa ou por insatisfações particulares, fossem quais fossem elas.
Nos EUA, os manifestantes protestaram em 50 cidades, neste início de julho, por uma causa coletiva, bastante específica, que põe em risco os direitos fundamentais.
O cidadãos se mobilizaram contra a mega-rede montada por seu próprio governo para espionar indiscriminadamente toda a população da chamada “pátria da liberdade”.
Lá, também ao contrário do que aconteceu aqui, não há evidências de que o movimento tenha sido apoderado pela velha mídia ou por grupos de extrema-direita locais.
Em resumo, a jornada de protestos foi organizada contra os invasivos programas de vigilância maciça, promovidos pela Agência Nacional de Segurança (NSA).
O mais abrangente é o Prism, denunciado pelo ex-agente da CIA Edward Snowden, que dá acesso a e-mails pessoais e até às comunicações em chats ou telefones via IP.
Acontece que representam uma violação da Quarta Emenda, que protege os cidadãos contra buscas que excedam o razoável e contra apreensões sem mandado judicial.
As manifestações foram convocadas pelo movimento Restore the Fourth (Restaure a Quarta), que considera ilegais os programas de vigilância da NSA e quer que sejam encerrados.
No início, ninguém se surpreendeu ao saber que os dados sobre as suas conversas, e-mails, posts no Facebook e Twitter etc eram monitorados pelos arapongas.
Um mês depois, porém, é que a ficha caiu e foi convocada a primeira grande reação da cidadania em defesa das suas liberdades fundamentais e da Constituição.
Em S. Francisco, os cerca de mil manifestantes levaram cartazes onde se lia: “Legalizem a Constituição dos EUA” e “Recuso-me a sacrificar a minha liberdade por segurança”.
Em Nova York, uma barulhenta manifestação marchou por quase cinco quilômetros entre a Union Square South e o Federal Hall.
“A Quarta Emenda serve para proteger-nos, mas chega uma altura em que temos de agir para protegê-la”, parecia dizer a voz da consciência de cada indivíduo presente ao ato.
Além de S. Francisco e Nova York, houve manifestações em Los Angeles, Dallas, Washington DC e dezenas de outras cidades de médio e grande porte.