Qual o esporte ou pecado preferido da classe média decadente?
UMA PISTA: ELE TE CONSOME POR DENTRO
Certo dia uma cobra voraz desejava a todo custo abocanhar um inofensivo vagalume. Ao que o inseto lhe pergunta: “Serpente, tu que és tão poderosa porque me desejas aniquilar?”. A serpente responde: “O teu brilho fascina-me e como eu não o posso ter, ninguém mais o terá. Por isso quero-te devorar”.
Todo mundo conhece a parábola do ser rastejante e invejoso com o vôo bioluminescente do pequenino pirilampo. Segundo os católicos, a serpente — sempre ela — estaria a cometer o segundo “pecado capital”, conforme os ensinamentos de São Tomás de Aquino, que expressaria um injustificável complexo de inferioridade entre seres semelhantes aos olhos de Deus.
A psicologia concorda e adianta que sempre que caluniamos (ou criticamos destrutivamente) alguém será porque nos sentimos inferiores. Daí essa necessidade em falar mal da pessoa que tanto invejamos. Paradoxalmente, quem sai mais prejudicado deste sentimento não são os outros, mas quem inveja. Ela é destrutiva, corrói a auto-estima, anula o crescimento individual e transforma-se em fator de bloqueio de qualquer potencial criativo.
Um passeio pela Wikipédia nos mostra que a inveja — ou invídia — é um sentimento de aversão ao que o outro tem e a própria pessoa não possui. Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa possui (pode ser tanto coisas materiais como qualidades inerentes ao ser) e de tirar essa mesma coisa da pessoa, fazendo com que ela fique sem. É um sentimento gerado pelo egocentrismo e pela soberba de querer ser maior e melhor que todos, não podendo suportar que outrem seja melhor.
A origem latina da palavra inveja é emblemática: “invidere”, que significa “não ver”. Numa outra perspectiva, a inveja também pode ser definida como uma vontade frustrada de possuir os atributos tangíveis ou intangíveis de um outro ser, pois aquele que deseja tais virtudes é incapaz de alcançá-la, seja pela incompetência e limitação física, seja pela intelectual.
Já a hilariante Desciclopédia prefere qualificar as pessoas que sofrem do problema em dois tipos distintos: as mal-sucedidas e as bem-sucedidas.
As mal-sucedidas em geral praticariam este esporte para tentar exorcizar os fantasmas e mostrar que não são tão ruins quanto se pensa, sendo que em geral o fazem contra gente que em teoria seria pior que elas, como por exemplo os que trabalham para o governo (qualquer um).
Já as bem-sucedidas (vide playboys) praticariam este esporte para provar de uma vez por todas que são melhores do que você ou mesmo para tentar babar ovo de alguma coisa que eles julgam que possam ser melhores do que eles e que eles queiram a todo custo superar.
Nesta linha esculhambatória, o sempre sarcástico Paulo Henrique Amorim nunca deixa de lembrar que a “inveja, como se sabe, é santa: corrói o invejoso por dentro”, para referir-se às críticas contumazes de FHC aos evidentes êxitos do gênio político que o sucedeu.
A sabedoria popular iria direto ao ponto para dizer aquilo que você e eu estamos pensando agora — que a inveja é uma merda — mas que não vamos falar aqui por uma questão de educação.
E é exatamente com bons modos que o ilustre Eduardo Guimarães analisa o motivo que leva a elite emplumada tupiniquim a odiar tanto o ex-presidente Lula. Quem acompanha o Blog da Cidadania sabe que o líder do MSM – Movimento dos Sem Mídia, compartilha a tese da inveja para além do fator puramente ideológico. No texto a seguir, sustenta seus argumentos com os números incontestáveis do IBGE. Confira:
IBGE EXPLICA POR QUE A ELITE ODEIA LULA
Foi uma luta para encontrar dados que mostrassem a evolução do índice de Gini do Brasil entre 1995 e 2010. A mídia esconde esses dados porque mostram um fato que destrói a versão que vem sendo alardeada após a divulgação da maior queda de concentração de renda no Brasil durante os últimos 50 anos, de que ocorreu nos governos FHC e Lula.
Em primeiro lugar, o noticiário deixa claro um fato sobre o qual pouco se fala: a ditadura militar (1964-1985) foi implantada para concentrar renda, ou seja, para tornar os ricos mais ricos e os pobres, mais pobres. Em 1960, antes da ditadura, o índice de Gini era de 0,537 e, em 1995, estava em 0,610. A concentração de renda foi brutal, no período.
Mas o fato mais contemporâneo também é surpreendente e pode ser bem constatado no gráfico acima: durante o primeiro mandato de FHC, a desigualdade permaneceu praticamente intocada e só caiu um pouco a partir do segundo mandato. Já no governo Lula, a queda foi impressionante, fazendo o índice de Gini cair a 0,530 – quanto mais próxima de zero, menor é a concentração de renda.
O IBGE também explica por que os estratos superiores da pirâmide social odeiam tanto Lula. Entre os 20% mais ricos, que se concentram no Sul e no Sudeste, a escolaridade aumentou 8,1% e a renda cresceu 8,9%. No recorte dos 20% mais pobres, que ficam no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, a escolaridade aumentou 55,6%, e foi acompanhada de um aumento de renda de 49,5%.
Por etnia, os negros também experimentaram aumento de renda muito maior do que os brancos, vale dizer. Sobretudo porque negros e descendentes de negros são muito mais numerosos no Norte e no Nordeste.
O governo FHC é tão defendido pelos ricos, que também são donos da mídia, porque foi o que puderam conseguir em termos de, se não aumentar a concentração de renda, ao menos retardar a sua queda. Lula virou as costas para a elite e promoveu a maior distribuição de renda da história deste país. Por isso a elite branca do Sul e do Sudeste o odeia com tanto fervor.
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Sugiro assistir à animação INVEJA É ADUBO, primeiro episódio do curta 7kptais que retrata a INVEJA através da fábula da “A grama do vizinho é mais verde do que a minha”:
Melhor Trilha Original – Mogi/SP
Melhor Stopmotion – Animaserra
Exibido em diversos Festivais, incluindo o Animamundi
Produzido por Há! Estúdio de animação
A frase q o PHA cita é d autoria d Albertano da Brescia. É q fiz um estudo sobre na facul.
Tem outra mto boa d Cándido Nocegal y Rodríguez de la Flor:
“As pessoas de mérito não precisam cuidar da sua fama; a inveja dos tolos e dos petulantes se encarrega de propagá-la”
Ah, tb gostei mto do post. Cheguei via FB. Abs, Silvinha.
Então, little Silvia, eu vou dar minha contribuição, só que musical.
É uma composição de Martinho da Vila e Zé Catimba, interpretada por ninguem menos que Zeca Pagodinho. Tudo fera do samba.
CUIDADO COM A INVEJA
Cuidado com a inveja
Ela ainda te mata
Inez já é morta
E Marta morreu
Cuidado com a porta
Ela sempre se fecha
Pra quem tem a pecha de ser um plebeu
Vê se larga eu
A raiva só faz mal pra quem tá com raiva
Teu olho grande pode te cegar
Se queres secar vai secar pimenteira
Pra tua pimenta ficar devagar
Se eu ganho no bicho você fica triste
Se eu ‘mato’ uma gata você passa mal
A minha alegria te deixa nervoso
O meu carro novo te irrita demais
Amigo coloca um amor no teu peito
Senão tua vida vai andar pra trás
Rapa fora Satanás
Muito bom, Chefe! Sensacional! É uma das mais divertidas e bem fundamentadas análises que eu já li sobre o tema. Parabéns!
PS: já estou replicando para os meus amigos
Rio de Janeiro e Santa Catarina passaram São Paulo na condição dos que têm a maior renda média, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Isto significa que Sampa não é mais a “locomotiva” do Brasil. Viva nóis aqui no Rio!!!
A prova do “crime” do Lula que nem o Globo teve a ousadia de esconder desta vez… rsrsrs:
http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/05/taxa-de-desigualdade-no-brasil-atinge-minima-historica-diz-fgv.html