Saiba por quê a velha mídia critica o ‘pibinho’ brasileiro

O MODELO IDEAL DE CRESCIMENTO NEOCON

Apple Escravidão

Todas as vezes que você sintoniza nos noticiários da velha mídia, sempre aparece o mesmo bando de engravatados reclamando do nosso pibinho. Não passa um dia que não batam na mesma tecla.

É paradoxal: os caras (e bocas) criticam o lento crescimento econômico, mas defendem o aumento das taxas de juros, restrições à concessão do crédito e desemprego para conter uma suposta inflação (que não é de demanda); e que só a eles, endinheirados, incomoda.

Enquanto isso, o mercado interno se expande com taxas de pleno emprego e, há cinco anos, o chamado “primeiro mundo” ou patina ou anda feito caranguejo — eurozona e EUA que o digam.

Ahhh, mas a China e a Índia, nossos parceiros BRICs, apresentam números humilhantes para o Brasil.

Então, tomemos emprestado o raciocínio de Saul Leblon, no Blog das Frases, para colocar as coisas nos seus devidos lugares.

Esta semana, um incêndio matou sete pessoas num prédio de 11 andares da fabricante de vestuário Tung Hai Group, em Bangladesh.

Grande exportadora de suéteres e jerseys, a empresa tem como clientes algumas das maiores redes varejistas ocidentais.

O incêndio é o quarto desastre de grandes proporções em fábricas de vestuário de Bangladesh desde dezembro.

Fábrica de suicídios Foxxcom

Em abril, o desabamento de um condomínio vertical de indústrias têxteis, na região metropolitana da capital Bengali, Dacca, chocou o mundo.

Agora, as autoridades locais informam que mais de 1.000 operários teriam morrido.

O negócio têxtil no entroncamento Índia/Bangladesh rende US$ 20 bilhões anuais em exportações; gera 3 milhões de empregos.

O setor é considerado um titã naquilo que alguns analistas enchem a boca e reviram os olhos antes de escandir em tom de admoestação ao Brasil: ‘com-pe-ti-ti-vi-da-de’ .

Condições de trabalho dos primórdios da revolução industrial; piso salarial em torno de US$ 40 dólares, o equivalente a ¼ do valor hora da China (que já é uma vergonha); baixa regulamentação e fiscalização complacente.

Nas zonas de exportação chinesas, todos conhecem a onda de suicídios nas fábricas-prisões da Foxxcom, fabricante dos smartphones que fazem a nossa alegria.

É isso o que queremos ser: uma sucursal das linhas de montagem asiáticas, onde se confunde eficiência com extração impiedosa da mais-valia e relações de trabalho que não passam de um gigantesco moedor de carne humana?

Ninguém se iluda pois esta é a fórmula que está na cabeça de muitos dos engomados analistas midiáticos e dirigentes empresariais quando reclamam do pibinho brasileiro.

O que se deve discutir é: como o Brasil poderá reproduzir o salto de competitividade asiático, sem que também se transforme num incinerador de operários, direitos e salários?

Trabalho escravo na China

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