Só 185 mil pessoas são donas de 40% da riqueza mundial

Ganância dos bancos

TÁ TUDO ERRADO… E DOMINADO

O Chefe de Redação

“O neoliberalismo está em crise, mas as elites endinheiradas não largarão um osso de 25 trilhões de dólares voluntariamente. Se preciso, os fatos estão a demonstrar, implodirão de vez a unidade formal entre o poder político e o comando econômico, instalando diretamente seus centuriões no lugar da soberania do Estado”. O editorial é da Carta Maior.

A ERA DA GRANDE CONCENTRAÇÃO

Quem considera exagero classificar a nova safra de governantes do euro como prepostos das finanças contra a democracia ou desdenha do emblema adotado pelos indignados norte-americanos (Nós, os 99%) talvez mude de opinião diante da estatística revelada agora pela consultoria WealthX, de Cingapura.

A empresa sabe do que fala. A especialidade da WealthX é prestar serviços aos super-endinheirados do planeta, razão pela qual mapeou o calibre da clientela e concluiu: 185.759 endinheirados dos quatro continentes detém uma fortuna calculada em US$ 25 trilhões, nada menos que 40% do PIB mundial.

O seleto clube [do tamanho de apenas uma cidade média] comporta acentuada divisão interna de camarotes: o nível A é ocupado por 1.235 mega-ricos que controlam uma dinheirama quase igual a dois PIBs brasileiros: US$ 4,2 trilhões.

Mas a ‘desigualdade’ entre as classes endinheiradas não é nada perto do abismo que o dinheiro escavou entre elas e os mais pobres.

O padrão nunca seguiu uma ordem inversa, mas nas últimas três décadas a supremacia das finanças desreguladas conseguiu dar envergadura inédita à palavra desigualdade.

Nos EUA, por exemplo, os 20% que estão no alto da pirâmide social detém 9,7 vezes mais riqueza do que os 20% mais pobres. Só que o abismo é ainda mais fundo do que a borda sugere.

Um milhão de norte-americanos ultra endinheirados possuem fortunas que oscilam entre US$ 10 milhões a até US$ 100 milhões, sendo que a nata dessa elite, 29 mil pessoas, acumula US$ 100 milhões per capita.

Historiadores e estatísticos de distintas cepas ideológicas convergem numa mesma direção: a humanidade nunca viveu sob a pressão de uma assimetria tão profunda.

Há esforços contracíclicos e o Brasil da era Lula é um destaque: o censo do IBGE de 2010 mostra que a concentração de renda no país — graças a uma década de políticas sociais abrangentes, com ganho real contundente de 53% para o salário mínimo nos últimos oito anos — reduziu o índice Gini de desigualdade em 11,5%.

Mas os 10% mais ricos ainda ficam com desconcertantes 44,5% da renda total, enquanto 50% mais pobres dividem 17,7% do bolo.

Após 30 anos de ‘mimos’ neoliberais em escala planetária seria ingenuidade imaginar que a democracia e o poder sobreviveriam indiferentes a esse padrão de ordenação econômica.

O golpe branco dos mercados na Itália e na Grécia; o bloqueio a Obama nos EUA e a ascensão da direita em Portugal e na Espanha, entre outros, demonstram que essa turma não está para brincadeira.

O neoliberalismo está em crise, mas eles não largarão um osso de US$ 25 trilhões voluntariamente.

Se preciso, os fatos estão a demonstrar, implodirão de vez a unidade formal entre o poder político e o comando econômico, instalando diretamente seus centuriões [fardados] no lugar da soberania do Estado.

* Na Carta Maior com remix de charge do American Progress

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O Chefe de Redação


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