Só com o que os ricos gastam em iates, a fome no mundo acabaria

BILIONÁRIOS FLUTUAM NUM MAR DE GRANA

Iate de bilionário

Os pouquíssimos bilionários do mundo são donos de uma exclusiva frota de iates de luxo avaliada em nada menos que 48 bilhões de dólares – mais de 110 bilhões de reais. Este valor é 60% superior ao investimento de 30 bilhões de dólares suficientes para acabar com a fome no mundo, segundo a ONU.

SUPER-RICOS DOBRARAM SUA FORTUNA DESDE O INÍCIO DA CRISE EM 2008

Por Marco Antonio Moreno *

Apesar de grande parte do mundo ter sofrido uma drástica redução nos seus rendimentos, a riqueza dos multimilionários duplicou desde o início da crise, mostra um relatório publicado pela Wealth X and UBS, consultoria que rastreia os indivíduos super-ricos.

De acordo com este relatório, a riqueza dos multimilionários do mundo passou de 3,1 trilhões de dólares no ano de 2009 a 6,5 trilhões de dólares em 2013, valor próximo a 45% do PIB dos Estados Unidos, a maior economia do mundo.

O número de bilionários passou de 1.360 no ano 2009 a 2,170 em 2013. Estas 2.170 pessoas possuem uma riqueza equivalente a 10% de todo o produto bruto mundial.

O grande enriquecimento destes endinheirados foi impulsionado pelo auge da crise dos mercados de valores e o dinheiro fácil com que o Tesouro dos EUA e o Banco Central Europeu resgataram o sistema financeiro desde o seu colapso em 2008/2009.

Este processo intensificou-se com os planos de flexibilização quantitativa e as baixas taxas de juros da Fed, do BCE e do Banco Central do Japão. Na semana passada, o Banco Central Europeu reduziu a taxa de juros para metade, de 0,5% para 0,25%, provocando uma inundação de liquidez nos mercados financeiros.

Desigualdade social

Estas ondas de dinheiro vivo injetado no coração do sistema financeiro não fazem nada pela economia real e só ajudam a limpar os balanços da banca do lixo tóxico gerado pelos seus empréstimos fraudulentos.

O aumento da riqueza neste setor reflete o crescimento parasitário do sistema financeiro na economia mundial. 17% dos multimilionários enriqueceram através das finanças, da agiotagem e dos setores de investimento, enquanto 8% estão associados às empresas de manufaturas.

Em direta assimetria com a duplicação do rendimento dos mais ricos, os serviços sociais de saúde, educação e proteção social para 99% da população sofrem fortes cortes na Europa, nos EUA e no resto do mundo. A única exceção é o Brasil.

Isto indica que enquanto os mais ricos aumentam as suas fortunas com o aumento do desemprego e a contração do consumo, assistimos à formação de um mundo cada vez mais polarizado entre ricos muito ricos e pobres muito pobres.

Além de analisar a riqueza dos multibilionários do mundo, o relatório documenta as grandes quantias gastas pelos podres de ricos em artigos de luxo. A Wealth X e UBS elabora um detalhado estudo do que procuram estes multimilionários.

Maiores ricaços do mundo

Um exemplo: têm perto de 126 bilhões de dólares em iates, jatos privados, obras de arte, antiguidades, moda, joias e carros de coleção. Este valor é maior que o PIB de Bangladesh, um país com 150 milhões de almas penadas.

Os 2.170 bilionários do mundo têm 48 bilhões de dólares em iates, ou uma média de 22 bilhões de dólares cada um.

Para pôr esta quantia em perspetiva, as Nações Unidas estimam que para acabar com a fome no mundo teria de se fazer um investimento de 30 bilhões de dólares por ano.

O relatório estima que os ativos imobiliários dos multimilionários do mundo seja de 169 bilhões de dólares, uma média de 78 milhões de dólares por pessoa.

Como resume o relatório, “O bilionário médio tem quatro grandes casas para morar, cada uma avaliada em quase 20 milhões de dólares”.

O relatório acrescenta: “O tempo e o espaço são raramente limites para os bilionários do mundo, muitos dos quais têm um jatinho privado, ou dois, um super iate e outros meios cômodos e rápidos de transporte, para não falar de várias residências espalhadas por todo o mundo.”

Lancha de novo rico

Apesar da sua mobilidade, os podres de ricos reúnem-se em redor das principais cidades financeiras, como Nova York, que conta com 96 bilionários, seguida de Hong Kong com 75, Moscou com 74 e Londres com 67 magnatas.

Se a riqueza dos quase 100 ricaços da cidade de Nova York fosse dividida pelos 1,7 milhões de habitantes pobres da cidade, cada um obteria uma pequena fortuna de 170 mil dólares.

Este estrato social existe como um enorme ônus para a sociedade mundial, sem produzir nada de valor, mas monopoliza grandes recursos.

Não só são vastos os recursos sociais dedicados ao seu enriquecimento pessoal, como também o seu domínio sobre a vida econômica e política atua como barreira a qualquer solução racional para os grandes problemas que enfrenta a humanidade.

Os super-ricos controlam todos os aspectos da vida política em todo mundo, com consequências desastrosas.

Este é o resultado inevitável do atual sistema capitalista, que trata a riqueza de bilionários como sacrossanta, e as necessidades da população, como a educação, a moradia e a assistência de saúde, como prescindíveis.

* El Blog Salmón

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