Velha mídia se cala e esconde sucesso do livro A Privataria Tucana

Livro de Amaury Ribeiro Jr.

PAPAGAIOS MUDOS DE PIRATAS TUCANOS

O Chefe de Redação

Chama a atenção de todos o silêncio ensurdecedor da velha mídia sobre o fenômeno editorial em que se transformou o livro A Privataria Tucana, onde o repórter investigativo Amaury Ribeiro Jr. revela o que já é apontado como o maior assalto da história ao patrimônio público brasileiro.

Onde estão as manchetes sensacionalistas, as charges de humor caviloso, os editoriais inflamados contra a corrupção? Agora ficou evidente que a imprensa emudece quando a VERDADE contraria seus interesses empresariais e de seus grandes anunciantes, muitos deles envolvidos no escândalo.

O blogueiro Eduardo Guimarães, no seu Blog da Cidadania, aproveitou a ocasião para desmascarar, didaticamente, a razão pela qual a mídia quer distância do tema privataria tucana.

Assim, para que se possa entender os motivos do mutismo midiático, relembrou o diálogo travado em 1998 entre o então presidente Fernando Henrique Cardoso e o seu ministro das Comunicações, o Mendonça de Barros, no auge do processo de privatizações de estatais. Vamos ao texto:

Luiz Carlos Mendonça de Barros – “A imprensa está muito favorável, com editoriais…”

Fernando Henrique Cardoso – “Está demais, né? Estão exagerando, até.”

A conversa entre o ex-presidente do BNDES, ex-diretor do Banco Central e ex-Ministro das Comunicações com o ex-presidente FHC, foi gravada ilegalmente, mas veio à tona à época e foi largamente reproduzida pela imprensa, tendo levado à queda de Mendonça de Barros.

Fernando Henrique jamais foi cobrado pela mídia que disse que lhe era tão “favorável” que até “exagerava”. E exagerava mesmo. O apoio da imprensa ao governo FHC foi escandaloso.

Enquanto isso, a mesma mídia dizia que o PT, então na oposição, era adepto do “quanto pior, melhor”. Hoje em dia, diz que a oposição está apenas cumprindo com seu papel “republicano”.

Ou seja: o PT era inaceitável para Globo, Folha, Veja e Estadão até quando era oposição. O PT, para esses veículos, simplesmente não deveria existir. Deveria ser posto na ilegalidade.

Mas por que a mídia defendia – e continua defendendo – tanto a privataria tucana?

Simples, porque enquanto publicava os editoriais a que FHC e Mendonção se referiram naquelas gravações, tratava de fazer bons negócios com o que estava sendo vendido a preço de banana.

Veja a seguir cada negócio que os barões da velha mídia tão zelosos com o dinheiro público fizeram na época da privataria tucana, enquanto a defendiam sem informar aos seus leitores que tinham interesse direto no que estava sendo doado pelo governo ao setor privado.

A família Mesquita, do Estadão, saiu do processo de privatização como sócia da empresa de telefonia celular BCP (atualmente, Claro) na região Metropolina de São Paulo. O Grupo OESP (Estadão) ficou com 6% do consórcio, o Banco Safra com 44%, a Bell South (EUA) com 44% e o grupo Splice com 6%.

Já a família Frias, dona da Folha de S.Paulo, aproveitou a liquidação da privataria para adquirir opção de compra de 5% do consórcio Avantel Comunicações – Air Touch (EUA) 25% e grupo Stelar mais 25% -, que ficou com 50% da telefonia paulistana, tendo a construtora Camargo Correa comprado mais 25% e o Unibanco os 25% restantes.

Finalmente, a família Marinho. Mergulhou fundo na Globopar, empresa de participações formada para adquirir parte da privataria, tendo comprado 40% do consórcio TT2, que disputava a telefonia celular nas áreas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, ficando o resto com a americana ATT, que comprou 37%, com o Bradesco, que comprou 20%, e com a italiana Stet, que se contentou com 3%.

Os Marinho também abocanharam o consórcio Vicunha Telecomunicações, que envolvia telefonia celular na Bahia e em Sergipe. A Stet (Itália) ficou com 44%, o Grupo Vicunha com37% e a Globopar e o Bradesco com 20%.

Ou seja, estas empresas participaram diretamente do butim da privataria da telefonia, o apetitoso Sistema Telebrás, que os barões da mídia tanto defenderam nas páginas do Estadão, no Globo e na Folha sem informarem aos seus leitores que estavam envolvidos nos negócios que adviriam da venda de patrimônio público.

Quem quiser conferir melhor essa divisão do saque ao patrimônio público que o livro A Privataria Tucana denuncia, pode acessar o estudo “INVESTIMENTO E PRIVATIZAÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL: DOIS VETORES DA MESMA ESTRATÉGIA”. Não contém opiniões, contém fatos – quem comprou o quê durante o processo de privatização do governo FHC.

Como se vê, a mídia tem todas as razões do mundo para temer uma investigação que, para ser totalmente franco, deveria ter sido aberta pelo governo Lula no primeiro dia de 2003, tão logo o poder finalmente mudou de mãos no Brasil.

Mas, naquela ocasião, a grande maioria do governo do PT achou que evitaria uma guerra com a mídia e a oposição se prevaricasse e não investigasse nada.

Deu no que deu.

* Não deixe de ler o post completo, “Famílias midiáticas estão na cola do Amaury. Saiba por quê“.

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