Cérebro é capaz de prever o futuro por instinto de sobrevivência

ENXERGAMOS O QUE AINDA VAI ACONTECER

De olho no Brasil

A partir da suposição de que não existem extraterrestres viajando pelas estrelas, sem dúvida o cérebro humano é o organismo vivo mais complexo do Universo.

Para sustentar essa certeza, no interior da nossa massa cinzenta há nada menos que 100 bilhões de neurônios, que formam 100 trilhões de conexões ou sinapses.

Se fosse possível criar um computador com o mesmo número de circuitos do cérebro, ele consumiria uma quantidade absurda de eletricidade: 60 milhões de watts por hora.

De acordo com tal estimativa de cientistas da Universidade Stanford, isto significa energia equivalente a quatro usinas de Itaipu trabalhando simultaneamente.

Mas o cérebro humano gasta pouquíssima eletricidade – 20 watts, menos que uma lâmpada. E mesmo assim consegue fazer coisas extremamente sofisticadas, de que nenhum computador é capaz.

Só que isso tem um preço. O cérebro não consegue analisar as situações de forma completamente racional, avaliando todas as variáveis envolvidas em cada caso.

Para fazer isso, ele precisaria de ainda mais circuitos – e muito mais energia.

Mas, ao longo da evolução, a natureza encontrou uma solução: o cérebro pode mentir para seu dono. Sim, mentir. Descartar informações, manipular raciocínios e até inventar coisas que não existem.

Dessa forma, é possível simplificar a realidade – e reduzir drasticamente o nível de processamento exigido dos neurônios.

“São efeitos colaterais do funcionamento normal do cérebro”, diz Suzana Herculano-Houzel, neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

SOMOS MEIO CEGOS

Tudo começa pela visão. Não percebemos, mas o cérebro edita o que nós vemos.

Das 16 horas por dia que uma pessoa passa acordada, em média, 4 horas são preenchidas por imagens “artificiais” – que não foram captadas pelos olhos, e sim criadas pelo cérebro.

O olho humano só capta imagens com clareza em uma pequena parte, a fóvea, que tem 1 milímetro de diâmetro e fica no centro da retina.

Então, para compor uma linda imagem, nossos olhos ficam constantemente em movimento. Eles focam determinado ponto e depois pulam para o ponto seguinte. Cada um desses saltos tem duração de 0,2 segundo.

Como comprovar isso na prática? Na próxima vez em que você estiver conversando com uma pessoa, preste atenção nos olhos dela. Você irá perceber que eles se movimentam o tempo todo para escanear vários pontos do seu rosto.

O problema é que a cada pulo desses, enquanto os olhos estão se movendo para a próxima posição, o cérebro deixa de receber informação visual por 0,1 segundo. Durante esse tempo, você está cego.

E, como nossos olhos fazem pelo menos 150 mil pulos todos os dias, o resultado são 4 horas diárias de cegueira involuntária.

Não percebemos isso porque o cérebro preenche esses momentos com imagens artificiais, que dão a sensação de movimento contínuo. Mas que, na prática, nós não vimos.

PREVISÃO DO FUTURO

Tem mais: o que se enxerga não é o que está acontecendo – e sim o que vai acontecer no futuro. Sério!

Isso acontece porque a informação captada pelos olhos não é processada imediatamente. Ela tem de passar pelo nervo óptico e só depois chega ao cérebro.

O processo leva frações de segundo, e não podemos ficar esperando – um atraso na visão pode fazer com que sejamos atropelados ao atravessar a rua, por exemplo.

Então, o que faz o cérebro? Inventa!

Sim, ele analisa os movimentos de todas as coisas e fabrica uma imagem que não é real, contendo a posição em que cada coisa deverá estar 0,2 segundo no futuro.

Nós não vemos o que está acontecendo agora, e sim uma estimativa do que irá acontecer daqui a uma fração de 0,2 de segundo.

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